quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

3 - Sem fugas




Esperava na porta lateral pela diversão do Luan de hoje à noite. Ela não demorou, vinha desfilando num salto 15 e com um vestido preto, justo e curto. O seu cabelo loiro balançava a cada passo que ela dava. Não sabia quais os motivos para o Luan se envolver com tanta mulher. Nas pesquisas que fiz não descobri nada concreto, apenas que ele teve uma namorada e que terminaram amigavelmente. Não entendo porque Elisa disse que aconteceu algo grave com ele.

A tal Lorrane me seguia até ao camarim de Luan. Bati na porta e, Rober, abriu sorrindo para a mulher a meu lado. Acho que Rober não gosta muito de mim, penso que ele tem certas desconfianças, principalmente depois do pouco que escutei mais cedo.




- Oi Lorrane. - Luan disse aparecendo todo animado.

- Olá bonitão. - beijou o rosto dele e entrou no cómodo.

- Eu vou indo com a Alexa resolver algumas coisas com a produção. - Rober falou saindo.

- Certo. - Luan respondeu curto - Depois temos de conversar Alexa. - disse com certa autoridade olhando bem nos meus olhos.




Suspirei e saí atrás de Rober, deixando Luan sem resposta alguma.

Devo admitir que o Luan sabia muito bem o que fazia no palco, parece ter nascido para estar ali. E quem o observava era levado por toda a alegria e animação que ele exalava. Lorrane ficou do meu lado apenas mexendo no celular e olhando Luan vez ou outra. Eu que mal o conhecia estava mais animada do que ela.




🍎🍎🍎




Quando cheguei no hotel, tomei um banho e vesti o meu pijama pronta para dormir, o dia tinha sido cansativo demais e já era muito tarde. Luan não tentou falar comigo durante o caminho até aqui, acho que os seios da sua amiguinha eram mais importantes. Revirei os olhos com o pensamento e peguei no meu celular olhando o número do meu irmão. Eu queria saber como ele estava, queria que ele não ficasse preocupado comigo. Mas já era madrugada e ele deveria estar na rua com os amigos ou más influências, como eu os considerava.

Estava disposta mesmo assim a ligar, mas batidas na porta me fizeram pular de susto. Quem seria? Me levantei e fui até lá. Abri uma brecha e vi Luan de braços cruzados vestindo uma camiseta preta e uma calça cinza de pijama.




- Eu não esqueci da nossa conversa. - disse sério e bufei irritada.

- Deixa isso para amanhã.

- Nada disso, não quero que você passe a noite achando que eu sou este e aquele. Você vai me ouvir, quer queira quer não, não esquece que eu sou teu patrão.

- E chato também. - murmurei e abri a porta dando espaço para ele entrar.

- Eu ouvi. - disse passando por mim, fechei a porta e olhei Luan que estava sentado na minha cama, abusado. - Então, o que você ouviu, afinal?

- Ouvi a última parte apenas. - me sentei no cadeirão.

- E?

- E ouvi você dizer que me queria ajudar por pena. Eu não quero mais trabalhar com você se for assim, prefiro voltar pra minha vida de miséria.

- Eu não disse isso. - falou convicto ignorando a segunda parte.- O Rober é que disse.

- E você não negou. - rebati.

- Mas também não afirmei. - respondeu me olhando em desafio. - E quer saber? Eu não tenho de explicar nada pra você. Se eu, realmente, estivesse com pena de você, eu teria te dado dinheiro e te deixaria viver a sua vida do jeito que você quisesse. Mas eu quis te dar muito mais do que isso, quis te ajudar, quis te dar uma profissão e, com isso, um futuro.

- Mas você acha normal o que fez? As pessoas não andam na rua ajudando outros apenas porque querem ajudar Luan. - falei nervosa.

- Bem, eu respondo por mim, não por essas pessoas. - respondeu. - Não seja ingrata comigo, Alexa. Aceita que eu quero te ajudar, nada mais. Não é por pena, nunca foi.

- Você garante?

- Achei que tinha sido claro!? - semicerrou o olhar para mim.

- Desculpa por eu ter pensado errado, mas acho que qualquer pessoa pensaria.

- Eu entendo, mas agora outro assunto... - me olhou e engoli em seco com receio do que poderia ser. - Por que você estava pesquisando sobre mim?




Desviei o olhar envergonhada e chateada comigo mesmo, eu estava numa missão de ganhar a confiança dele e já falhei, mas iria compensar isso. Na verdade, eu apenas queria saber o que aconteceu, mas não iria lhe dizer isso.




- Eu queria te conhecer um pouco melhor. - respondi.

- E a minha vida amorosa fazia parte dessa sua curiosidade? - perguntou com desconfiança.

- Eu apenas vi algo sobre uma ex-namorada em uma das notícias e quis saber um pouco mais, só isso.

- O que você descobriu? - descansou os cotovelos nos joelhos ficando inclinado para a frente.

- Nada demais, vocês namoraram dois anos e terminaram bem.




Luan fixou o olhar no chão como se estivesse analisando as minhas palavras.




- Se você me quer conhecer melhor, não procura na internet. - me olhou sério - Eu estou aqui em carne e osso na sua frente e você pode me conhecer pessoalmente, não por algo que os outros escrevem.

- Eu sei que não deveria ter procurado sobre você, mas eu queria te conhecer minimamente, sabe? Não me leve a mal.

- Tudo bem, eu compreendo essa sua curiosidade, mas eu acho que já te dei provas de que você pode e deve confiar em mim. - falou com certa mágoa.

- Você fez isso sim, acho que eu não estou sabendo aproveitar a oportunidade que você me deu. Peço desculpa por isso.

- Que nada, antes pelo contrário, o Rober disse que você era bastante atenta e responsável. - sorri de canto para ele, era sempre bom ouvir elogios.

- Você não tem alguém te esperando? - perguntei me distraindo com a barra da minha blusa do pijama.

- A Lorrane espera, primeiro resolver os problemas profissionais e só então satisfazer os pessoais. - riu fraco e se levantou.

- Estamos bem, não é? - perguntei e ele assentiu sorrindo descontraído.




Abri a porta e Luan passou, mas antes de sair completamente se virou para mim.




- Convém você saber que nos próximos seis meses você não tem poder de escolha para ficar ou não na equipe. - disse segurando o riso.

- O que isso quer dizer?

- Que durante seis meses você terá de trabalhar para mim aconteça o que acontecer. O contrato que você assinou, sem ler, não tinha clausulas de rescisão durante meio ano. Você tem de cumprir o contrato a não ser que eu te despeça.

- Você me enganou? - indaguei incrédula e ele riu dando alguns passos.

- Não, apenas garanti que você não quisesse ir embora. - piscou o olho e virou costas me deixando na porta com cara de idiota.




Só esperava que os próximos seis meses corressem bem.





Luan POV




Passaram duas semanas desde o dia em que conheci Alexa. Ela já estava mais enturmada e até conheceu a minha mãe, visto que tinha conhecido o meu pai numa das viagens. Dona Marizete adorou-a, mas pediu para que eu tivesse cuidado.

Estávamos no Rio de Janeiro e, como em todas as outras cidades, já tinha a minha diversão garantida. Eu era um completo galinha mas não me importava, preferia não me apegar a nunguém do que me apegar a alguém que depois pode partir o meu coração.

Aproveitei as horas livres e fui malhar na academia do hotel. Fiquei uma meia hora lá com o meu personal e segurança, o Heman e o Well, respetivamente. Quando voltei, encontrei Alexa com o celular na mão, no saguão do hotel.




- Oi distraída. - empurrei-a de leve e ela riu nervoso. - Tudo bem?

- Mais ou menos, estou tentando ligar para o meu irmão mas ele não atende. - bufou frustrada.

- Talvez ele esteja na rua ou está sem bateria.

- Estou tentando faz uns dias e ele não atende nenhuma vez. Vou tentar mais tarde. - sorriu triste, sei que mesmo o seu irmão sendo um vagabundo, ela se preocupada e gosta dele. - Como foi a academia? - observou o meu peitoral e subiu o olhar imediatamente até aos meus olhos.

- Bom. - sorri de canto - Preciso que você me faça um favor.

- Como ela se chama e onde tenho de esperar? - perguntou diretamente e arregalei os olhos, eu ainda nem tinha falado nada.

- Como você sabe que iria dizer isso?

- Porque é a coisa que você mais me pede desde que eu trabalho com você.

- Isso te incomoda? - perguntei e chamei o elevador.

- Deveria incomodar? - rebateu e fiquei pensativo.

- Você deve ficar um pouco incomodada, né? Afinal você está levando as mulheres com quem vou transar até mim. Talvez eu esteja sendo idiota. - confessei e ela me olhou através do espelho do elevador.

- Não é das coisas mais confortáveis, não. Mas não me importo, faz parte.

- Eu vou mandar o Rober, acho melhor.

- Você é que sabe. - respondeu sem contestar.




Heman puxou assunto com ela, perguntando quando ela malharia com ele e, não trocámos mais nenhuma palavra até chegar no quarto.

O show correu maravilhosamente bem, apesar das entrevistas no camarim terem sido chatas, só perguntavam sobre Alexa, querendo saber se havia algo mais entre a gente além de uma relação profissional. Ainda bem que não tinham acesso ao meu condomínio, senão iriam falar barbaridades por ela estar morando comigo.




★★★




Finalmente, um dia de folga. Dormi o dia quase todo e Alexa fez o mesmo, até porque ela estava a se acostumar com uma nova rotina. Acordei desperto e super relaxado, estava pronto para uma maratona... de sexo, obviamente. Ri com o meu pensamento e me levantei, peguei no celular e saí do quarto. Fui até à cozinha ver o que Elisa tinha deixado para comer, frango com quiabo, a minha comida preferida, perfeito.

Decidi colocar a mesa e depois chamaria Alexa. Ela tinha de dormir, mas também precisava comer.
Estava pegando na toalha quando o meu celular apitou uma mensagem. Pensei que fosse alguma peguete, mas era apenas a minha irmã.




"A mãe levou comida para vocês, a sua preferida mimadinho!!!! Cê topa uma baladinha mais tarde? O Breno e o Caio vão cantar na Wood's. Beijos piriguete 😈 💕 "




Bruna era uma abusada, só podia ser minha irmã mesmo. Mas fiquei ainda mais contente por sabes que foi a mamusca que cozinhou pra mim. Respondi:




"Sim patricinha, eu vou ver o seu marmanjo. Um beijo nessa cara de bolacha 😂💜"




Sabia que a irritaria, mas essa era a intenção. Terminei de arrumar a mesa e subi até ao quarto de Alexa, que ficava do lado do meu. Bati algumas vezes e nada de abrir, será que ela tinha saído? Ou será que estava dormindo como uma pedra? Bati mais um pouco e nada. Decidi abrir e entrar.

O quarto estava completamente escuro, tive de usar a luz do celular para iluminar o caminho até à cama dela. Alexa dormia de barriga para baixo ficando com a bunda bem empinada, também por conta do shortinho de pijama curto. Me perdi naquele corpo e, se a gente se tivesse conhecido em outras situações eu teria levado ela para a cama, com toda a certeza. Mas eu não podia fazer isso com ela. Eu teria de entender que a gente era só amigo. Eu, amigo de uma gostosa destas?! Eu tinha de ser muito forte mesmo para resistir.

Os seus cabelos cor de fogo estavam bagunçados, e foi impossível não imaginar eles bagunçados por causa de outra coisa e eu pegando neles com força enquanto a com...



- Luan? - indagou assustada me assustando também.

- Desculpa, não queria te assustar, eu vim te acordar para jantar. - expliquei rapidamente e agradeci a Deus por a luz estar apagada, não seria nada engraçado se ela visse a minha cara de quem tinha sido pego no flagra, imaginando coisas impuras.

- Eu acho que dormi demais. - riu fraco arrumando os cabelos, aqueles cabelos que eu queria bagunçar... - Obrigada por me acordar, estou morta de fome. - me interrompeu de novo, fiz uma nota mental de que teria de completar esse pensamento algum dia.

- É. - cocei a nuca - Então vamos descer, a minha mãe trouxe frango com quiabo.

- Você ama a comida da mamã não é? - zoou e se levantou acendendo a luz do abajur.

- Muito, principalmente quando é a minha comida preferida.

- Vamos descer então, não te quero ver passando vontade, a sua cara não engana o quanto você está desejoso.




Vestiu um moleton e passou na minha frente. Mal sabia ela que a minha cara era de vontade de outra comida. Esquece isso Luan, respira fundo.

Segui atrás dela e, quando cheguei na cozinha, ela estava babando na comida, me sentei e ela nos serviu, enchendo bastante o meu prato.




- A Bruna me chamou para uma baladinha onde o namorado vai cantar, vamos? - convidei e ela me olhou pensativa.

- Eu nem lembro a última vez que fui em balada. - falou com tristeza - Você acha que eu devo ir, eu mal sei como me comportar lá?!

- Você pode beber antes de ir, assim se solta e, quando chegar lá, não vai nem pensar em como agir. - ri fraco - Aliás, não tem regras para agir na balada, é só chegar, beber, conversar e dançar. Aposto que é tarefa fácil para você. - ironizei e ela riu.

- Eu sei, mas eu estou a ter uma nova vida, a viver coisas que nunca pensei viver e tudo me parece novo e com regras. - rimos.

- Fica tranquila, vai tudo certo. - pisquei o olho e continuámos comendo.




Confesso que estava ansioso para a ver na balada, dançando e balançando aqueles cabelos... puta que pariu Luan, para de pensar nos cabelos dela, parece a porra de um cabeleireiro. 







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