segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

4 - Bebidas & Irmão




Alexa estava demorando demais para se arrumar, ela costumava ser rápida e, mesmo assim, ficava sempre linda. Fui até ao seu quarto e bati na porta, desta vez ela abriu uma brecha e me olhou com uma cara triste.




- O que foi? - perguntei com receio de ter acontecido alguma coisa.

- Eu acho que não vou.

- Claro que você vai, o que aconteceu?

- Eu não tenho roupas para ir a esses lugares.




Ri desvalorizando completamente o problema. Mulheres se preocupavam com cada coisa. Alexa me olhava feio e parei de rir me encostando ao batente da porta.




- O quarto da Bruna é depois do meu, vai lá. Você não precisa ficar preocupada por causa disso, nem que você tivesse que levar uma roupa minha.

- Eu não acho certo usar as roupas da tua irmã, nós nem somos íntimas, o que ela vai achar disso?

- Nada, as roupas que ela deixa aqui são as que ela menos usa porque não gosta muito. Mas não significa que elas sejam feias, é só a mania da Bruna em ter roupa demais e não conseguir usar metade. - revirei os olhos e Alexa riu - Vai lá, eu vou preparar uns drinks para a gente beber antes de ir.

- Obrigada Luan, sempre me salvando - disse divertida e ri.

- Sabe como é, as minhas fãs não me chamam de príncipe à toa. - dei uma piscadinha e ela sorriu fraco.




Preparei duas bebidas alcoólicas, a da Alexa tinha mais álcool, visto que ela queria se animar um pouco mais e, eu iria dirigir, então não podia abusar.




- Espero que a Bruna não se importe que eu tenha pego um sapato também. - disse enquanto descia a escadaria, eu escutava o som dos seus saltos, me virei para a ver e... nossa, que mulher.





- Quem é você? Cadê a Alexa? - brinquei e ela riu vindo até mim.

- Bobo, estou assim tão diferente?

- Um pouco, mas é um diferente muito bom. - garanti e lhe entreguei o copo. - Você está habituada a beber?

- Não muito. - riu fraco e bebericou um pouco - Hum, está ótima.

- Vamos sentar um pouco, ainda é cedo para a gente ir. - ela assentiu e quando ela se sentou tirei um tempo para apreciar o seu decote, meu Pai me ajuda.

- Então, você já escolheu quem vai encontrar hoje? - perguntou casualmente tomando um gole da bebida.




Ri fraco e bebi um pouco também. Alexa falava das minhas peguetes como a Bruna falava. Sempre com ironia.




- Você quer que me encontre com você? - joguei verde tentando perceber a reação dela.

- Doido. - riu e lhe acompanhei, ela talvez pensou que eu estava brincando, não estava de todo.

- Se eu estivesse falando sério, você aceitaria?

- Sair com você? - me questionou e assenti - Não sei, somos amigos não é, então acho que sim, vamos sair hoje... - deu de ombros.

- Não estávamos falando desse tipo de saída. - disse sério e ela me olhou.

- Eu não sei. - respondeu e bebeu mais um pouco - Quem vai cantar lá na balada, mesmo? - mudou de assunto.

- Breno e Caio César. O Breno é namorado da Bruna.

- Hum.

- Você conseguiu falar com o seu irmão?

- Não, ele não me atende, pensei em passar lá amanhã. O que você acha?

- Leva o Well, não quero que você volte machucada ou no pior dos casos, morta. - desci o olhar até ao chão, vendo o quão horrível isso seria. Eu já tinha me apegado a Alexa, ela era uma garota legal, com um coração bondoso e tinha um jeito envergonhado que me encantava. As mais descaradas nunca me atraíam, a não ser para uma noite de sexo, mas as mais difíceis e tímidas eram as minhas preferidas para conquistar. Não que eu estivesse interessado em tal...

- Luan? - passou a mão na frente dos meus olhos, não tinha percebido que tinha vidrado num ponto qualquer.

- Sim?

- Nossa. - riu - Você estava aí olhando para o nada pensativo e eu aqui te chamando.

- Desculpa. O que você estava falando?

- Te perguntei se você pode fazer outra. - mostrou o copo vazio e assenti.

- Claro. - peguei no seu copo e me levantei.




Alexa estava bem animadinha, confesso que tinha culpa disso, pois preparei as suas bebidas com mais álcool do que refrigerante, mas ela precisava disso. Ela ia ao meu lado no carro cantando as músicas de Sandy & Junior que tocavam no rádio, depois de tanto procurar no meu carro, ela encontrou um CD deles jogado no fundo do tablier.




- Não acredito que você era apaixonado na Sandy. - gritou entre risadas e ri assentindo.

- Acredite se quiser, eu dormia rezando para casar com ela.

- Acho que as suas fãs fazem o mesmo com você.

- Vai saber. - ri e ela me olhou um pouco séria. - Que foi sua maluca?

- Você já amou alguma vez, Luan?





Alexa POV




Luan não respondeu, ao invés disso, acelerou o carro e apertou as mãos no volante. Temi que ele tivesse ficado chateado, então me acomodei no meu lugar e tentei não falar coisas sem sentido.



- Uma vez. - ouvi a sua voz baixa e olhei para ter a certeza de que ele falou mesmo - Eu amei uma vez. - repetiu e respirei fundo.

- Desculpa por ter feito essa pergunta.

- Não tem mal. - sorriu fechado - E você?

- Eu só tive dois namoradinhos mas nada demais, nunca amei pra valer.

- Você ainda é jovem, tem muito tempo para se apaixonar para valer.

- Você também. - devolvi e ele assentiu sem me olhar.




Chegámos em um lugar com imensos carros e pessoas zanzando. Luan entrou no estacionamento subterrâneo e encarei-o.




- Você é VIP aqui?

- Eu sou VIP em todo o lugar do Brasil, Alexa.

- Uau, acho que nunca me vou habituar a isso.

- Se você quer fugir de aglomerações, evitar ser machucado ou ter privacidade, você se acostuma sim.




Já tínhamos saído do carro e caminhávamos lado a lado. Eu mais devagar, por conta do álcool e do salto. Luan estendeu a mão e eu peguei sem hesitar.




- Não vai cair na balada Alexa, pode fazer qualquer coisa menos pagar esse mico. - riu fraco.

- Você já pagou esse mico?

- Na balada não, mas no palco sim. - rimos. - Mas você pode cair de boas, iremos para o meu camarote, mas mesmo assim tenta não cair.

- Você tem um camarote só seu? - indaguei surpresa.

- Quando venho aqui eles sempre dispensam um.

- Você é o dono do Brasil, Luan Santana. - zoei e ele riu.

- Sou dono de muita coisa, Alexa. - disse com a voz mais rouca e séria e tremi, Luan quando queria sabia ser bastante intimidante, mas de um jeito bom.




O camarote já estava cheio com conhecidos do Luan, ele parava a cada passo para cumprimentar uma pessoa, a algumas ele me apresentava como a sua assistente. Quando nos aproximamos da mesa onde Bruna estava, ela me olhou sorrindo aprovando o que via.





- Essa roupa ficou maravilhosa em você, Alexa, muito melhor do que fica em mim. Pode ficar com ela. - me disse animada.

- Sério? Eu realmente adorei, mas não quero que você pense que estou me apoderando das suas cosias.

- Não fala besteira, você está linda e se você gostar de mais alguma coisa do meu armário fica à vontade.

- O que você quer? - Luan me sussurrou ao ouvido arrepiando cada pêlo do meu corpo.

- O mesmo que você. - respondi e ele assentiu saindo.

- Você está gostando de trabalhar com o Luan? - Bruna perguntou.

- Demais, ele é muito gente boa.

- Aham. Ele me falou que você se incomodava um pouco com as peguetes dele.

- Ele achou que sim, eu apenas encarava como meu trabalho, mas não vou mentir que era algo desconfortável.

- Queria que ele parasse com isso, parece que precisa sempre de ter alguém para preencher algum vazio, eu queria que ele conseguisse estar preenchido, sem precisar de usar essas vagabundas.

- Isso vai mudar Bruna, ele vai encontrar alguém que o mereça e que o faça se sentir preenchido.

- Mas enquanto isso, fica nessa coisa... a coisa que eu mais odeio nele.

- Falando de mim Bubuzinha? - Luan interrompeu a nossa conversa se sentando a meu lado com dois copos com uma bebida azul. - Para você. - disse quase inaudível e arrastou uma taça até mim.

- O que é? - perguntei curiosa.

- Lagoa azul, você vai gostar. - bebeu um pouco da dele.




Levei a taça aos lábios e comprovei, era de facto muito boa.




- Você está me levando para um mau caminho com essas bebidas deliciosas.

- Mau caminho? Você quer saber mesmo qual é o verdadeiro mau caminho? - perguntou se aproximando, assenti com curiosidade. - O caminho para o meu quarto. - falou e ri revirando os olhos. Luan estava bem atiradinho esta noite.




Depois de mais uns dois copos eu já não tinha tanto controle sobre mim, quanto mais consciência. Eu sabia que não deveria beber tanto, não estava habituada. Mas, por incrível que pareça, estava me sentindo bem. A dupla que cantaria ali, começou o show e me levantei com Bruna para assistir e dançar. Ela estava bastante animada por ver o namorado cantar. Luan parou do meu lado com um copo de coca-cola na mão, sorriu fraco para mim e observou a pista do andar debaixo.




- Procurando a sua peguete de hoje? - interroguei rindo.

- Não tem peguete nenhuma hoje, até porque preciso cuidar de uma bêbada.

- Ãh? - disse confusa e semicerrei o olhar para conseguir me focar bem no seu rosto.

- Você, eu preciso cuidar de você, bebinha. - riu.

- Eu não estou...

- Claro que você está. - riu e me empurrou um pouco mas me segurou logo em seguida pela cintura - Tá vendo?

- Idiota. - me soltei dele rindo e continuei assistindo o show.




Conheci o namorado da Bruna, o Breno e o seu irmão, o Caio. Eram super adoráveis e divertidos, fiquei sabendo que eles e o Luan se conhecem há muitos anos e até já escreveram músicas juntos. Bruna me puxou para dançar e foi assim que passei o resto da noite até me sentir um pouco abafada. O ar ali não era suficiente, eu precisava de ar fresco.




- Você está bem? - Luan perguntou, ele sempre percebia quando eu estava mal.

- Preciso de ar. Acho que vou lá fora.

- Melhor a gente ir embora.

- Não, eu só preciso de ar fresco, eu vou lá na frente da balada. - sugeri.

- Já é tarde de qualquer maneira, vai indo, eu vou pegar o carro e passo lá, já já. - assenti e saí entre a multidão de pessoas que estavam ali.




A minha cabeça estava bastante leve e eu sabia que o efeito do álcool não tinha passado, ainda. Me afastei das pessoas que fumavam e conversavam na porta do local e me encostei à parede respirando fundo mantendo os olhos fechados.




- Finalmente te encontrei. - alguém disse bem perto de mim, eu conhecia aquela voz.

- Noah. - abri os olhos e o encarei ali a meu lado, ousei sorrir um pouco mas ele me fuzilava. - Eu liguei tanto para você.

- Eu sei, mas eu não queria falar com você. - admitiu - Como você teve coragem de me abandonar para ficar viajando pelo Brasil com um riquinho qualquer? Hein? - apertou o meu braço - Eu estava te rastreando pelo celular, só não fui no condomínio do seu "dono" porque é privado e não em deixaram entrar.

- Noah o que você pensa que eu sou? - indaguei sem força para me soltar dele.

- Santinha você não é, irmãzinha. É bom ser paga para satisfazer os desejos de um filho da puta? Deve estar rica, não é? Você sabe que eu quero esse dinheiro, não sabe? - os meus olhos verteram lágrimas que nem percebi que estava segurando.

- Eu estou trabalhando decentemente, não estou fazendo isso que você imagina. - me defendi mas ele riu não acreditando - Você se drogou?

- Há algumas horas apenas. Mas não muda de assunto, eu quero dinheiro, já.

- Você está me magoando, Noah.- gemi com dores e ele me soltou. - Eu posso dar uma vida boa para a gente, mas você tem de largar esses vícios e confiar em mim.

- Confiar em você? Você me deixou sozinho naquela merda de casa e só apareceu lá quando eu não estava e, acompanhada de um rico, a vizinha me contou. Quem é ele?

- Eu mesmo. Está tudo bem aqui? - Luan interrompeu e limpei rapidamente as lágrimas, mas sabia que ele tinha visto.

- Quem é você? - Noah perguntou.

- Patrão e amigo da Alexa. Você é o irmão dela, certo?

- Exato. Então é você que está bancando a minha irmã?!

- Apenas pago pelo trabalho dela, nada demais. - falou sério e puxou-me para trás dele ficando no meio, como um ato protetor.

- Luan vamos embora, ele está com droga no corpo. - avisei - Quando ele estiver sóbrio eu converso com ele.

- Eu ainda quero o meu dinheiro. - Noah me olhou como se me lembrasse o que me aconteceria se eu não o fizesse.

- Toma.- Luan estendeu a mão com algumas notas - Agora some e, se eu sei que você voltou a magoar a Alexa, eu tomarei medidas mais drásticas.

- É só ela me bancar playboyzinho, fica calmo. - riu com escárnio e saiu.




Luan se virou e me analisou.




- Ele te magoou?

- Não. - menti e encarei o chão.

- Alexa. - disse repreendedor e o olhei.

- Ele apenas apertou o meu braço, mas... - Luan não me deixou terminar, começou acariciando o meu braço levemente.

- Vamos para casa, temos de colocar gelo aí e você precisa comer, bebeu demais.

- Obrigada por você aparecer.

- Que é isso. - me abraçou de lado e beijou o topo da minha cabeça.




Quando chegámos em casa, que já tinha passado a ser um pouco minha, Luan me sentou na banqueta do balcão e pegou em gelo. Fiquei fazendo compressão durante alguns minutos enquanto ele preparava tostas com manteiga e chá para eu comer.




- Você fica bonitinho cozinhando. - falei e ele me olhou surpreso.

- Fico bonitinho, é?

- Não vem com o seu narcisismo, Luan. - avisei e ele riu.

- Será narcisismo, ou será realismo? - levantou uma sobrancelha me desafiando.

- É importante para você saber que é bonito? - rebati.

- Eu não sou bonito, não me acho nada demais.

- Nossa, agora você é modesto. - ri e ele deu de ombros - Sério mesmo que você não se considera um homem bonito?

- Me diga você. - me desafiou e parou bem na minha frente.

- Eu acho que... - suspirei - Você é muito bonito. - completei e ele riu.

- Você também, principalmente comendo. - acenou para o prato na minha frente. - Eu preciso fazer uma chamada, já volto.








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