sábado, 28 de janeiro de 2017

20 - Fogo & Planos futuros



Alexa colocou algumas cartas e ursinhos em cima do sofá e, o meu pai, o Rober e a Lelê, aproveitaram para sair do camarim, avisando que estariam esperando na van.

Ela se virou e estava com uma cara séria e um pouco chateada. Será que ela não ia acreditar em mim de novo? Eu me via naquele dia no meu estúdio, quando ela disse com todas as letras que me odiava. Mas agora, ela estava aqui ainda, eu tinha de conseguir me explicar direito. Claro que não iria contar a verdade nua e crua.




- Quem é a Sandra, Luan? - indagou novamente esperando eu contar.

- Você promete que vai acreditar em mim?

- Depende.

- Você tem de prometer, Alexa!

- É assim tão grave o que você tem pra me contar? - rebateu cruzando os braços.

- Não sei. - suspirei - Senta aqui. - puxei-a para o sofá e me sentei ao seu lado. - Há alguns anos eu namorei com essa Sandra. - confessei. - E a gente não acabou nada bem, embora para a imprensa tenha sido um término amigável.

- O que aconteceu?

- Não quero falar disso agora, não é nada que importe para a gente.

- Então?

- Ao que parece, a Sandra voltou.

- E? Ainda não entendi porque você estava furioso? Você ainda gosta dela? - me perguntou irritada.

- Não, claro que não. - neguei rapidamente - Eu amo você. Ela é passado. - suspirei e encarei-a - Acho que ela está querendo se vingar.

- Se vingar porquê? O que você fez pra ela?

- Não fiz nada, ela é que fez pra mim. - disse indignado, não suportaria se Alexa me acusasse de algo novamente - Mas ela não é uma boa pessoa e quer provar que pode dar a volta por cima.

- O que ela te fez?

- Eu não sei se ela fez, entende? Mas é estranho as coisas darem errado quando ela está no Brasil. Além da música, cancelaram um show meu.

- Sem motivo? - perguntou com um olhar cerrado.

- Acho que fizeram um negócio melhor. Acredita em mim, Alexa. Eu não fiz nada para essa Sandra, eu nem quero mais saber dela, a nossa história acabou há dois anos atrás.

- Tudo bem. - senti um alívio me preencher - Eu acredito nisso. Mas... - semicerrei o olhar - Quem é a Teresa? - me fuzilou.





Será que ela lembrou de algo? Será que ela teve alguma memória dessa Teresa? O desespero tomou conta de mim, de novo.





- Como assim? - me fiz de desentendido.

- Você recebeu uma mensagem dessa Teresa. - me atirou o celular, ela sempre ficava com ele quando eu fazia show  - Também é uma ex-namorada que voltou? Mas pelos vistos essa não quer vingança e sim remember. - ironizou e li a mensagem.




"Oi bebé, estou por Sampa, vamos nos encontrar e matar saudade? Beijo 😘 Teresa"




- Eu não conheço nenhuma Teresa, foi engano com certeza. - tentei parecer convicto.

- Claro que você ia dizer isso. - se levantou brava - Quem é ela, Luan?

- Eu não sei. - disse alto.

- É alguma das suas peguetes? - perguntou com os olhos lacrimejados e eu só queria a abraçar e fazê-la entender que é ela que eu amo. - Você ainda tem os contatos delas né?

- Mas eu não falo mais com elas, você tem de acreditar em mim.

- Apaga tudo agora, apaga os contatos, para de seguir nas redes sociais. Apaga todo o rastro delas. - pediu.

- Tudo bem, eu faço isso. Mas você acredita em mim?

- Não sei.

- Como não sabe? Você vai acreditar nessas mulheres que nem conhece? - me levantei nervoso.

- Então devo acreditar em quem?

- Em mim, Alexa. Em mim, que sou seu namorado e que te amo. - gritei incrédulo. - Você nunca acredita em mim, porra. Você sempre prefere acreditar em quem nem conhece.

- Por que você está falando como se eu já tivesse feito isso antes? - perguntou limpando uma lágrima que caiu.





Eu não poderia ceder e entregar o jogo assim. Ela não podia saber de nada, se ela não lembra, eu não vou contar.





- Por nada, apenas acho injusto você preferir acreditar em pessoas desconhecidas do que eu mim, que sempre te ajudei, te protegi e amei. Ainda mais cedo você disse que me amava,

- E eu amo. - disse não muita certa.

- Mas você está desconfiando de mim, está fazendo o contrário do que é amar.

- Eu só tenho medo que você perceba que eu não sou certa pra você. Afinal, eu sou pobre, órfão, e agora sou uma sem memória.

- E mesmo assim eu te amo, mesmo que você tivesse mais um monte de problemas, mesmo se você tivesse perdido muito mais do que a memória no acidente. - esclareci - O que você quer mais que eu faça para que você entenda que eu te quero do meu lado, somente você?

- Nada, não precisa fazer nada. - limpou o rosto e voltou a se sentar - Você promete que não tem mais nada com essas mulheres e que não tem culpa nenhuma delas continuarem a te contactar?

- Prometo, eu não tenho olhos para mais ninguém. - garanti.

- Tá. Então desculpa, eu não queria insinuar nada. Apenas me sinto insegura.

- Shhh, não precisa se desculpar. - a abracei - Eu só te peço que você me deixe te explicar primeiro, você não imagina o quanto é difícil para mim você não acreditando na minha palavra e nos meus sentimentos.

- Desculpa. Eu prometo que vou melhorar isso. - me olhou e assenti selando os seus lábios - Eu te amo.

- Eu também te amo, muito. - falei a abraçando mais forte.





***




Uma semana depois... 




Quando um novo fim de semana de shows chegou, eu já estava mais conformado com o cancelamento de um deles. Arleyde me aconselhou a viajar com Alexa nesse dia, para que a imprensa não especulasse que eu tivesse ficado mal ou revoltado. Depois do show de sexta, fui com Alexa para Maceió. Lá tinha praias lindíssimas e seria bom a gente relaxar um pouco. Além disso, no domingo eu tinha show lá.

Alexa estava mais calma, não voltou a falar nem da Sandra, nem da Teresa. Mas pelo sim, pelo não, decidi me livrar de qualquer vestígio de outra mulher do meu celular.




- Pronto, apaguei os meus contatos, e deixei de seguir algumas mulheres. - avisei deitado na espreguiçadeira na praia privada do hotel, logo em seguida desliguei o aparelho, não queria nada nos incomodando.

- Algumas? - me encarou brava.

- Sim, algumas. - disse normal - Não vou dar unfollow na Veveta, nem na Sandy, nem na minha irmã, ou até na Lelê...

- Ah, pensei que você estava se referindo às outras. - falou derrotada e ri.

- Você é muito ciumenta, sabia? - apertei a sua coxa, Alexa estava com um biquini verde esmeralda e o sol batendo em sua pele deixava-a ainda mais linda.

- Sou nada. - disse indignada.

- É sim. Agora, é a sua vez, apaga o número dos marmanjos também.

- Que marmanjos? Só se for você. - zoou e sorri cínico.

- O Rick, o teu ex. - falei irónico.

- Como você conhece ele? - perguntou confusa.

- Você levou-o lá a casa para ele arrumar o teu ar.

- Não lembro. - confessou.

- E vocês acabaram transando. - contei e ela arregalou os olhos - Pois é, Alexa. Você era bem provocadora, só porque eu estava fazendo barulho no meu quarto com uma peguete, você chamou o teu ex e me deu o troco.

- Meu Deus, que vergonha. - tapou a cara com as mãos - Eu fiz mesmo isso?

- Fez, você queria o meu corpinho, mas como não tinha, decidiu me provocar.

- Você está exagerando. - falou e ri assentindo.

- Apaga. - pedi.

- Posso precisar que ele arrume o ar pra mim de novo, ou até que apague o fogo.

- Que apagar o fogo o quê? - disse incrédulo - Eu matava os dois. - disse bravo e ela riu - Vai apagar?

- Não, ele é meu amigo, não é um contatinho. - rebateu.

- Também tenho amizade com algumas peguetes, vou recuperar o contato delas, então. - peguei no celular e ela tirou-me rapidamente da mão.

- Não inventa. O perigo é você, não sou eu.

- Qual a diferença? - perguntei confuso.

- Você tinha uma vida de galinha antes de mim, eu não tinha uma vida assim. Então...

- Ciumenta. - cantarolei e ela me bateu no braço me fazendo rir.




Começava a achar que o cancelamento do show não tinha sido tão mau assim, pelo menos, estava aproveitado esse tempo para namorar bastante.


Quando voltamos para o hotel no final da tarde, liguei o celular e ele não para de tocar. Eram mensagens e chamadas que não acabavam, do meu pai e de Rober. Será que aconteceu mais alguma coisa?





- Alô. - atendi ao meu pai que estava me ligando naquele momento.

- Luan, ainda bem que você atendeu.

- Eu tinha desligado para não incomodar. Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu e começo a desconfiar que você tinha razão. 

- O que foi desta vez?

- Tacaram fogo no escritório em São Paulo. A Juliana e a Jéssica estavam lá e conseguiram accionar os bombeiros rapidamente, mas uma parte ficou destruída. 

- Pai, me diz como isso é possível? - suspirei pesado.

- Não sei, filho. Mas a perícia está aqui e vão tentar perceber se foi fogo posto ou acidente. 

- Sabemos a resposta, pai. O escritório respeita todas as normas de segurança. - bufei chateado - Liga para os policiais e conta para eles, pai. Eles precisam estar a par dessas coisas,

- Claro, vou fazer isso. 




Me virei para tomar um banho e Alexa estava me encarando preocupada.




- Mais problemas? - perguntou e assenti.

- Pois é, parece que não acabam nunca. - suspirei pesado e ela me abraçou docemente.

- Vai tudo ficar bem, meu amor. Tem calma.

- Espero que sim. Nunca tive uma onda de tanto azar assim.

- Nem tudo é azar. - me olhou com um sorrisinho de canto.

- Tem razão, eu tenho você e vou fazer de tudo para que seja pra sempre. -  a beijei intensamente mostrando as minhas segundas intenções.





Alexa subiu para o meu colo apertando as suas pernas em minha cintura. Apertei a sua bunda e desci os beijos para o seu pescoço, ouvindo ela ofegando. Segui para o banheiro e a encostei na parede fria. Alexa ligou o chuveiro e desceu do meu colo para me despir. Fiz o mesmo que ela e a beijei novamente a prensando na parede onde a fiz minha, mais uma vez.



Como desconfiava, o incêndio no escritório foi provocado, mas não havia rastros que culpassem alguém, pelo menos por enquanto. O prejuízo foi enorme.

A imprensa caiu em cima de mim, pelo show cancelado e pelo incêndio. Mas a Arleyde sempre os proibia de fazerem essas perguntas, então eu não falava nada, mesmo quando eles ousavam perguntar.




***




Três semanas depois 



Alexa sempre ficava do meu lado, me ouvia, me aconselhava, me acalmava. Ela tinha melhorado, como prometeu. Estava mais parceira do que nunca. Eu me imaginava com ela para o resto da vida, cada vez mais.

Cheguei a casa da academia e ela via um filme.




- O que você está assistindo, ruivinha? - me sentei cansadão ao seu lado.

- Noivas em guerra.

- Hum. - a encarei de perfil e ela ria de alguma coisa do filme - Você gostaria de casar?

- Sim, acho que toda a mulher sonha com isso. - falou distraída.

- Comigo? - perguntei de repente e ela me olhou cerrado.

- Você está me pedindo em casamento?  - ri fraco.

- Ainda não. - a puxei para o meu peito - Mas espero não demorar. - beijei a sua cabeça.

- É cedo, ainda. - disse com um sorriso fraco.

- Não acho, eu tenho 25 anos e você tem 21.

- Como eu disse, muito cedo. - falou voltando a olhar a tv.

- Se eu fizesse o pedido, você ia recusar? - questionei e ela me olhou pensativa.

- Não, mas não iria me casar rapidamente também.

- Ok, a gente pode noivar por anos. - brinquei e ela revirou os olhos rindo.




Ela poderia não querer casar em breve, mas há dois tipos de casamento: pelo civil e pela igreja. Presumo que quando ela disse que era cedo, estava se referindo à cerimónia religiosa. Mas o casamento civil poderia ser mais cedo, não chamava a atenção de ninguém e ela poderia ser minha no papel.

Eu estava completamente apaixonado por ela. Era como se estivesse envolvido num encantamento que não se quebraria nunca. Eu me mergulhei de cabeça nessa relação, mesmo quando ainda negava qualquer sentimento. Mas já não queria mais negar nada, não queria esconder o que estava sentindo. Eu amava Alexa e esperava receber o seu "sim" em breve.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

19 - Sorte & Azar



Depois de uma manhã maravilhosa com Alexa e de um almoço em casa dos meus pais, decidi passar no Dudu. Deixei Alexa com a minha irmã e dei um salto ao estúdio.




- Você sabe mais alguma coisa cara? - perguntei, mesmo que Alexa tenha me distraído, eu continuava preocupado.

- Nada. Queria encontrar a origem do problema, quem extraviou a composição, mas não vejo ninguém capaz disso. Eu confio cegamente na minha equipe.

- Lá em casa também não vejo problema, a Elisa é como uma mãe para mim, e a Alexa está fora de questão.

- Eu pensei em hackeamento. - Dudu disse pensativo - Mas ainda assim há coisas que não entendo.

- É, se hackearam poderiam ter roubado todas as músicas que estavam no e-mail, mas foi só aquela.

- Exato, isso é que eu não entendo. Mas já avisei o informático que trabalha para mim e ele vai ver se realmente entraram na minha conta.

- Posso fazer isso também, vou pedir ao Rober que trate disso.

- Vamos ver se esse foi o problema.




No dia seguinte, Rober avisou-me que ninguém esteve na minha conta. Voltei ao estúdio e Dudu disse a mesma coisa.




- Então vamos pra justiça, boi. - disse chateado, nunca iria imaginar que algo assim pudesse acontecer.

- E vamos dizer o quê? Pelo que fiquei sabendo a música está sendo trabalhada a todo o vapor e nas próximas horas poderá sair.

- Puta que pariu, se eu apanho quem me ferrou eu juro que acabo com a carreira do desgraçado. - me exaltei.

- Luan não precisa ficar assim. Eu sei que é chato, estava bastante entusiasmado para trabalhar essa música também, mas cara, mesmo que a gente consiga ela de volta, já não dará tanto prazer. Entende?

- Você acha que deveremos fechar os olhos ao que aconteceu?

- É o melhor, vamos caçar briga para quê? Além do mais, você tem outra composição tão boa ou até melhor, e o Mioto já disse que aceitava trabalhar ela.

- Ele não se importa? - negou veemente - Então fica assim, vamos deixar passar, mas se voltar a acontecer eu não vou deixar barato. - avisei.




Cheguei a casa e Alexa estava ajudando Elisa a cozinhar. Abracei-a por trás e beijei o seu pescoço.




- O que está fazendo de bom aí?

- A Elisa deixou a sobremesa comigo, estou fazendo uma torta de maçã para servir com sorvete.

- Hum, me parece delicioso.

- Você me parece bem, resolveu as coisas? - perguntou se virando para mim.

- Sim, ficou tudo resolvido.

- Sério? - questionou surpresa.

- Aham.

- Você tem andando com sorte, hein? - sorriu fechado e assenti.

- A minha sorte se chama Alexa. - brinquei e ela riu selando os nossos lábios.




Estava almoçando quando o meu celular tocou. Era o policial Raúl. Saí para atender, preferia deixar Alexa fora deste assunto.




- Desculpe interromper senhor Luan.

- Não tem problema, vocês têm alguma notícia?

- Sim, ficamos sabendo que a Sandra esteve em São Paulo há alguns dias atrás, ela deu entrada num hotel durante uma noite. Depois disso não soubemos de mais nada. Procuramos no país inteiro e os nomes dela, tanto verdadeiro como falso, não constam na base de dados de nenhum lugar. Supomos que ela está usando uma nova identidade e que poderá estar fazendo uso dela, quem sabe até está fora do país.

- Mas vocês não mandarem fotos dela para o aeroporto?

- Ela pode sempre mudar a cor do cabelo, exagerar na maquiagem, ela pode ter passado despercebida.

- Só isso?

- Sim, por enquanto só temos isso para contar, mas vamos continuar investigando. A menina Alexa ainda não teve nenhuma memória?

- Não, ainda nada. - disse e lembrei que na próxima semana ela tinha uma consulta para fazer alguns exames de rotina.




Desliguei com o desespero a querer tomar conta de mim. Sandra estava conseguindo enganar todo o mundo, só não queria pensar que ela possa estar se aproximando de mim, novamente. A segurança foi reforçada para mim e todas as pessoas que me são próximas, esperava que ela não conseguisse passar por isso.




- Está tudo bem, meu amor? - Alexa perguntou acariciando as minhas costas.

- Tudo ótimo. - me virei e tentei dar-lhe o meu melhor sorriso.

- Vamos terminar de almoçar então. - assenti e segui-a até à cozinha.




Passei a tarde distraído, pensando no que o policial me falou. Alexa notou isso mas não me perguntou nada, talvez entendeu que eu não queria falar. Ela estava na varanda há alguns minutos conversando com o Noah. Esse era outro problema que eu tinha de continuar resolvendo, principalmente porque em breve ele poderia voltar.




- Luan! - ela gritou feliz vindo ao meu encontro na cama, onde tentava em vão assistir a uma série. - O Noah me falou uma coisa.

- O quê? - cerrei o olhar para ela curioso.

- Ele disse que em breve vem me ver, isso não é maravilhoso? Estou com tantas saudades dele.

- É, isso é maravilhoso mesmo. - afaguei os seus cabelos - Ele te disse que viria?

- Sim, ele disse que queria me ver, ele ficou sabendo de uns boatos sobre o acidente e tal, eu...

- Você contou tudo para ele?

- Achei  melhor, ele é meu irmão e precisa saber disso, sabe?

- Ele reagiu bem?

- Sim, até porque o anúncio do nosso namoro dividiu a atenção dele. Então, ele não focou apenas numa coisa. - riu fraco.

- Ele quer me matar, né?

- Acho que ele quer falar com você, talvez por isso ele venha muito em breve.

- Você sabe a agenda de shows, depois marca a melhor altura para ele vir. - aconselhei.

- Sobre a sua agenda, eu queria voltar a trabalhar na sua equipe, quero voltar a viajar e estar pertinho de você. - sorriu e retribuí a puxando para um beijo.

- Também quero tudo isso, mas você ainda está fazendo a fisioterapia.

- Na próxima semana tenho consulta, aí saberei se já estou completamente boa ou se preciso continuar.

- Aham, amor eu preciso ir fazer uma ligação para o Rober, lembrei que temos uns assuntos para resolver. - ela assentiu e se deitou na cama.




Peguei no celular e resolvi sair do quarto e ir até ao meu estúdio. Disquei o número dele e esperei atender.




- E aí cunhado! Bonito hein? Comendo a minha irmã e me garantindo que não estava rolando nada.

- Calma aí Noah. - disse firme - A gente está namorando, é diferente.

- Para você, porque para mim você está comendo ela.

- Eu amo a sua irmã.

- Isso não quer dizer que você não come ela. - rebateu e respirei fundo decidido a ignorar a sua birra.

- Que história é essa que você está vindo visitá-la?

- Você me escondeu o acidente, eu fiquei sem saber que a minha irmã esteve em coma por um mês.

- Se você estivesse preocupado ligaria para mim.

- Esqueceu que você precisa autorizar as chamadas? Eu não posso atender se você não der ordem. 

- E você viu que ela não ligava para você, ligava você para ela. - rebati impaciente.

- E você viu que eu não ligava para você, ligava você para mim. Ou só me liga para me dar bronca? Cara eu aceitei as suas condições, mas não me faz de bobo.

- E o que você iria fazer com ela em coma? Nada. Só iria servir para você ficar preocupado e ter alguma recaída.

- Mas eu estou quase terminando aqui. - disse indignado.

- Não será tão rápido assim, então não pensa que virá até aqui importunar a gente. - deixei as coisas bem claras.

- Só estou com saudade da minha irmã. 

- Ela precisa de você bem, então nada de terminar os tratamentos mais cedo. Eu vou ligar para o doutor daqui a pouco e ver qual o seu estado.

- Só não vai ferrar comigo cantorzinho, não vai pedir ao médico para eu ficar mais tempo do que necessário só para você não ter de me aguentar aí. 

- Você está nas minhas mãos, então toma cuidado como fala comigo. - ameacei - Vou desligar.

- Toma conta da minha irmã. - pediu.

- Sempre fiz isso. - desliguei.




Em seguida liguei para o doutor que me disse que Noah estaria livre do tratamento em três semanas.




- Você tem certeza, doutor?

- Ele já está aqui há mais de três meses, tem sido um ótimo paciente e acho que está na hora de lhe dar esse voto de confiança.

- Doutor eu quero que você continue o tratamento por, pelo menos, mais um mês e meio. Preciso que ele esteja completamente bem e não sujeito a testes de confiança. Entendeu?

- Tudo bem, irei prolongar então. 

- Obrigado. - desliguei e respirei fundo.





Noah estava numa clínica de reabilitação em Salvador. Eu estava pagando tudo, depois de ter uma conversa séria com ele. Não aguentava mais ver Alexa sofrendo por causa do irmão, então fui ter com ele e ofereci-lhe o tratamento e, depois quando saísse, lhe daria um emprego e boas condições de vida. Não tinha como ele recusar. Apenas tinha de aceitar e ficar com o bico calado cumprindo todas as minhas ordens.

Confesso que quando levei Alexa na casa dela e ela se apercebeu que ele tinha saído de casa, quase contei tudo, mas não queria que ela pensasse que eu estava com pena dela ou que queria ter a família dela nas minhas mãos. Eu só queria ajudá-la e isso incluía ajudar o seu irmão.




***




Duas semanas depois... 



As coisas com Alexa iam de vento em poupa e eu só me sentia mais feliz a cada dia. Tinha até esquecido da mentira que envolvia tudo isso. Alexa tinha voltado a viajar comigo, ela já estava perfeitamente bem. Lógico que ela quase não trabalhava, eu já não fazia questão de a ter na equipe, mas ela insistia, então pedia que Rober lhe desse algumas tarefas rápidas de vez em quando.

Chegava de uma entrevista na rádio quando fui surpreendido com Alexa em lingerie no quarto, enquanto passava o creme nas pernas.




- Hum, que receção maravilhosa. - falei e ela riu continuando a fazer o que fazia.

- Estou me arrumando para o show, você deveria ir tomar banho, tenho uma surpresa para você ainda.

- Surpresa? - questionei curioso - Já quero saber o que é. - abracei a sua cintura por trás fazendo-a ficar tensa.

- Primeiro vai tomar banho. - disse irredutível e bufei.




Tomei um banho rápido e quando saí ela fazia a maquiagem. Me arrumei rápido, também e, como ela ainda estava se vestindo, aproveitei para ajeitar o meu cabelo.




- Estou pronto. - disse vendo que ela ainda passava o perfume.

- Não disse que havia pressa. - rebateu e dei de ombros.

- Estou curioso. - rimos.




Ela entrelaçou as nossas mãos e me levou para o último piso do hotel. Fiquei sem entender nada, mas uma mesa romântica estava preparada no terraço, com uma vista incrível para Goiânia.




- Vamos jantar antes do seu show daqui a algumas horas. - explicou - Pensei que um jantar mais calmo fosse bom.

- Bom? É incrível. Você sabe como me fazer relaxar, sabia? - a puxei para mim.

- Só retribuo o que você faz comigo. Além do mais, devemos cuidar de quem amámos. - disse acariciando a minha nuca me deixando arrepiado.

- Eu amo você. - disse e, desta vez, foi completamente sincero.

- Eu também te amo. - arregalei os olhos e ela sorria. - Acredita. - abri o meu maior sorriso.

- Já estou doido para voltar do show e te amar.

- Estou esperando por isso. - juntou os nossos lábios e intensifiquei o beijo, Alexa admitiu, finalmente, que me ama, agora não havia nada nos separando, não havia palavras não ditas.




Oh Deus, eu estava de joelhos por esta mulher. Estava completamente apaixonado e encantado. Completamente entregue a esse amor. E estava feliz, estava me sentindo leve, tranquilo. Ela afastava todos os meus fantasmas e me levava para o paraíso.



***



O jantar foi excepcional, conversamos, rimos, namoramos e dividimos a sobremesa. Eu não poderia ter ido para o show mais feliz.

Mas algo no final do espectáculo estava atormentando a minha equipe e ninguém me contava. Eu sabia que tinha acontecido algo. Estava com o meu pai, Rober e Arleyde no camarim e Alexa tinha ido buscar alguns presentes dos fãs, ela adorava fazer isso.




- Testa me conta o que está havendo? - chamei à parte - Por que de um momento para o outro, você, meu pai e a Arleyde ficaram tensos e de burburinhos?

- Não é nada, boizeira.

- Você quer ser despedido? O patrão ainda sou eu. - cruzei os braços bravo.

- O seu pai recebeu uma ligação.

- De quem?

- Do contratante de um dos shows que você vai fazer pra semana.

- O que ele queria?

- Ele cancelou o seu show em Caxias do Sul.

- Cancelou? Cancelou porquê? - questionei incrédulo, nunca ninguém cancelou um show meu desse jeito, apenas quando o contratante não cumpria o contrato ou quando o tempo não permitia.

- Ele disse que fez um negócio com outro cantor, acho que Gusttavo Lima,  e renunciou o teu contrato.

- Ele pode fazer isso? - perguntei.

- Ele avisou com uma semana de antecedência, não vai causar danos em você, então sim, ele pode fazer isso.

- Que merda. - chutei o balde do lixo chamando a atenção de todos - Eu queria entender porque as coisas tem dado errado ultimamente.

- Calma filho, foi só um show e isso não irá nos prejudicar. - meu pai tentava me acalmar.

- Pai se fosse só isso. Há umas semanas atrás roubaram uma música minha de forma inexplicável, eu te contei e, agora, cancelam um show marcado há imensos meses? Você quer me convencer de que isso é normal?

- Normal não é, mas também não fique pensando que uma coisa tem a ver com a outra.

- Tudo tem a ver, pai. - disse nervoso - Tudo tem a ver com a Sandra. Aposto que ela tem dedo em tudo isso.

- Quem é a Sandra? - Alexa perguntou me pegando no flagra, ela olhava para todos nós, procurando respostas.




Sandra consegue me encrencar mesmo quando não faz por isso. Puta que pariu!




Não quero assustar vocês, maaaaas estamos em reta final ! Eu no início avisei que seria uma fanfic mais curta e rápida. Não sei quantos faltam para o final, mas esperem uma média de mais cinco capítulos no máximo. E muita coisa vem por aí, se preparem. 

sábado, 21 de janeiro de 2017

18 - Problemas




O restaurante ficava no centro da cidade de SP, era bem luxuoso e não tinha muita gente. Alexa estava linda, mesmo de sandália rasteira, ela tentou convencer-me que estava bem para usar salto mas eu não queria correr nenhum risco.





- Que lugar lindo. - ela disse observando a decoração.

- Não tanto quanto você. - comentei, ela sorriu envergonhada e ri fraco, até para mim era estranho dizer essas coisas.

- Foi com esse papinho que você me conquistou? - brincou e ri.

- Não, foi com as minhas habilidades na cama mesmo. - ela me bateu de leve rindo com timidez.





Jantámos entre boas conversas e vários olhares cúmplices. Momentos como este me faziam estar tranquilo quanto à decisão que tomei, não me arrependia de ter mentido.

Quando saímos do restaurante fomos surpreendidos com flashes. Não me valeu de nada ter escolhido um restaurante calmo e com pouca gente. Abracei Alexa pela cintura e tentei passar pelos paparazzi que estavam ali.





- Vocês namoram, Luan?

- É mesmo sua namorada?

- Você pode confirmar Luan Santana?




Todos faziam perguntas mas preferi não responder a nenhuma. Alexa parecia um pouco assustada.




- Você está bem? - perguntei preocupado.

- Sim, apenas não esperava tudo isto. - sorriu fraco. - Vamos para casa.

- Sim, vamos.




Assim que entramos no meu quarto, Alexa me pediu para a ajudar a tirar o vestido. Assim que o tecido caiu a seus pés, eu a abracei e comecei a distribuir beijos pelo seu pescoço e ombro. Ela amoleceu em meus braços e sabia que queria tanto como eu.

A virei para mim e ela sorriu de canto enquanto os seus olhos me observavam atentamente. A juntei a mim e a beijei sentindo o doce gosto dos seus lábios. Ela de desfez da minha camisa e caminhei com ela até à cama onde a deitei. Beijei cada parte do seu corpo ouvindo os seus suspiros e gemidos contidos. Me desfiz da minha calça e subi para cima dela. Tirei o seu sutiã e abocanhei os seus seios. Alexa ofegou segurando o meu cabelo.

Segundos depois estava dentro dela, a amando. Alexa procurou os meus lábios e me beijou intensamente para logo em seguida atingir o clímax entre gemidos que me deixavam louco.





***





O Rio de Janeiro continuava lindo. Alexa estava com os olhos brilhando enquanto via a paisagem do lado de fora do quarto de hotel.

Aproveitamos parte da tarde para ir na academia, Alexa andava devagar na passadeira enquanto eu corria ao seu lado. Logo mais ela estava totalmente recuperada.

Subimos para o quarto e Rober me chamou, dizendo ser um assunto urgente.




- Vai tomando banho amor, eu já volto. - selei os lábios de Alexa e saí atrás de Rober. - O que foi Testa?

- É sobre as fotos de ontem, a Arleyde quer conversar com você sobre isso,

- Acho que já sei o que ela quer falar, talvez já esteja na hora certa para assumir mesmo.

- Ela não teve nenhuma lembrança? - me perguntou enquanto caminhávamos pelo corredor até ao quarto da Lelê.

- Ainda não e também não precisa, estamos bem assim, sabe? Ela não perdeu uma parte muito importante, é melhor não insistir muito.

- Você é que sabe, tomara que não traga mais problemas.

- Tomara, apenas acho que me precipitei num momento, mas acho que mais cedo ou mais tarde iria acontecer.

- Que foi? - perguntou curioso.

- Eu disse "eu te amo". - sorri sem graça e Rober arregalou os olhos.

- É, se precipitou.

- Cara, foi num momento feliz para mim, ela liberou e eu fiquei empolgado e acabei falando isso. - Rober riu e o acompanhei.

- Agora vê se controla toda essa empolgação, senão em breve está pedindo ela em casamento.



Como já suspeitava, Arleyde queria saber o que aconteceu na noite passada quando saí do restaurante.




- Eles perguntaram se ela era minha namorada, mas eu não disse nada.

- Você sabe que os tablóides já estão falando em nova namorada né? Há até um site que tem um pequeno resumo sobre quem é a Alexa. Você quer assumir, Luan?

- Eu querer quero, mas isso vai trazer muita atenção para a Alexa.

- Mas isso é inevitável, entendo que você a quer proteger de tudo, principalmente depois do acidente, mas esta é a sua vida e se você não assumir, a imprensa assume e podem ir mais a fundo em algumas informações sobre ela.

- Você tem razão, talvez seja melhor assumir logo.

- Posso divulgar uma nota de imprensa, então?

- Não, eu prefiro postar uma foto e anunciar eu mesmo. - sugeri.

- Tudo bem, faz isso o quanto antes. - assenti e saí do seu quarto.




Alexa saía do banho e contei-lhe tudo. Ela ficou um pouco reticente mas entendeu que era o melhor. Quando saí do banho já arrumado para o show, puxei-a para uma foto que fiz questão de publicar na hora anunciando o nosso namoro. Agora eu era Luan Santana, o solteiro mais cobiçado que foi laçado pela Alexa, a assistente. Daria uma bela história de filme, tenho de admitir.

Durante o show vi a sua animação e o quanto ela queria estar ali do lado do palco me vendo cantar. Eu me apaixonava mais a cada momento, talvez Rober tivesse razão, em breve estaria pedindo Alexa em casamento. Era precipitado, mas eu me imaginava com ela no futuro. E depois do que passei com a Sandra, sentir amor e sonhar com uma família ao lado de outra pessoa era algo que eu não imaginava que fosse viver de novo.




***




Depois de um fim de semana maravilhoso no RJ, voltamos para casa e eu teria cinco dias de folga, surpreendentemente, mas aproveitaria para terminar algumas composições. A imprensa fazia todos os dias uma manchete sobre o nosso namoro mas eu ignorava todas, só me importava o que a maioria dos meus fãs achavam e eles estavam gostando.

 Estava no estúdio envolvido numa música quando Alexa bateu na aberta e a abriu em seguida.





- Lu. - disse sorrindo, amava esse novo apelido dela - Eu estive pensando e faz muito tempo que não vejo a minha tia, você se importaria que eu fosse passar esta noite com ela? - me perguntava com receio que eu fosse recusar.

- Eu ainda não conheço a sua tia, por que você não a convida a passar uns dias aqui com a gente? - sugeri.

- Acho que é melhor eu ir lá... cê sabe, ela nem deve saber que namoro e quando souber que é você, vai achar estranho e isso, acho melhor eu passar lá primeiro e depois ela vem cá, pode ser? - suspirei e assenti.

- Só uma noite né?

- Sim, só uma.

- Tudo bem, eu sobrevivo uma noite sem você. - fiz drama e ela riu se aproximando.

- Obrigada. - me beijou e a sentei em meu colo aprofundando o ato. - O que você está fazendo?

- Compondo para umas duplas que o Dudu está trabalhando. Tenho de entregar algumas destas músicas ainda esta semana.

- Vão ficar lindas, agora vou fazer a minha mala. Já já eu passo aqui para me despedir.

- Mas ainda é de tarde, você vai já? - questionei surpreso.

- Sim, tenho saudade dela. - assenti e ela saiu.





***





Quando Alexa voltou da casa da tia vinha com um sorriso enorme no rosto.




- Parece que essa visita à sua tia te fez muito bem. - comentei a beijando em seguida.

- Muito, ela quer te conhecer, mas agora vai viajar e só volta daqui um tempo.

- Também a quero conhecer. - sorri.

- Você terminou as composições?

- Aham, amanhã vou levá-las no Dudu.

- Então você está livre para ver um cineminha comigo? - perguntou me abraçando pelo pescoço.

- Sempre.

- Vai para o quarto e escolhe o filme, eu vou fazer a pipoca.




Alexa demorou um pouco, mas logo entendi porquê, ela trouxe uma bandeja com sucos, pipoca e alguns chocolates.




- Não me diga que você está na TPM!?

- Não, só estou com vontade de comer chocolate mesmo. - respondeu se sentando a meu lado.

- Sabia que eu amo estes momentos mais simples com você?

- Eu também amo, amanhã quando você voltar do Dudu podíamos aproveitar a piscina.

- Sim, se você quiser podemos chamar a Bruna e os gémeos.

- Como você quiser, vai ser legal. - selou os meus lábios e se aconchegou ao meu lado.





DIAS DEPOIS ... 



Acordei com o celular tocando e atendi meio irritado. Ainda era cedo. Alexa ainda dormia.



- Alô.

- Luan, é o Dudu. Tem como você vir aqui agora?

- Agora cara? Ainda é muito cedo.

- É urgente, boi.

- O que é? - perguntei me sentando, eu estava morrendo de sono.

- Lembra da sua composição para o Gustavo Mioto?

- Lógico, entreguei a você esta semana e te mandei e-mail com elas também.

- Exatamente. - suspirou - Um conhecido meu que trabalha em outro estúdio me perguntou o que eu achava de uma música, quando vi, era a sua. E será gravada por outro cantor.

- Como assim? Ele não tem autorização para isso, Dudu. - me levantei sabendo que o meu dia já começou mal.

- Não tem autorização, nem sei de que forma ele conseguiu a letra. Ela não saiu daqui cara.

- Mas a composição é minha. - disse firme.

- Eu sei que é, mas para eles, ela não é sua.

- Puta merda, não entendo como isso foi acontecer.

- Eu muito menos, cara. Vou ver o que mais consigo saber.

- A gente nem tinha registrado essa música ainda... - falei indignado - Puta que pariu. Você acha que devo falar com o meu advogado?

- Me deixa saber algumas coisas primeiro, depois envolvemos a justiça.

- Tudo bem, obrigado.





Desliguei puto da vida. Como assim uma composição minha está nas mãos de desconhecidos sem mais nem menos?





- Aconteceu alguma coisa? - Alexa perguntou acordada, tinha até esquecido que ela estava dormindo,

- Desculpa te acordar amor. - voltei a me deitar. - O Dudu me ligou, parece que extraviaram uma das minhas composições para outra gravadora, quando ninguém deu ordem.

- Nossa, mas essas coisas não confidenciais?

- São e estou tentando entender onde houve a falha, mas não consigo descobrir.

- Vai dar tudo certo, você vai ver. - sorriu sonolenta.

- Só você para melhorar o meu dia com essa carinha fofa. - ri fraco - Vamos voltar a dormir.

- Agora não tenho mais vontade, vamos descer e tomar um belo café da manhã e, depois, vamos caminhar um pouco pelo condomínio.

- Caminhar? Você...

- Sim já me sinto quase nova, vamos?

- Podemos almoçar em casa dos meus pais. - sugeri e ela assentiu me beijando em seguida.



Parece que o meu dia não começou tão mal assim.







terça-feira, 17 de janeiro de 2017

17 - Visitas & Carinho



Acabámos por adormecer quase a tarde toda. Depois de Alexa confiar em mim para lhe dar boas sensações, eu estava me sentindo nas nuvens. Mas ainda era insuficiente, para mim. Eu precisava de mais dela, mas deixaria para mais logo. Lembrei que Elisa iria preparar um bolo para Alexa e não queria que ela perdesse esse mimo.




- Vamos acordar? - perguntei acariciando o seu cabelo - Amor? - chamei distribuindo beijos em todo o seu rosto.

- Hum... - murmurou e foi abrindo os olhos lentamente. - Onde eu estou?

- Em casa, no meu... nosso quarto. - expliquei e ela me encarou pensativa.

- Claro. - respirou aliviada - Nossa, eu pensava que estava sonhando. - riu fraco.

- Um sonho bom, espero. - beijei a sua testa e ela assentiu - Vamos descer? Temos um bolo para atacar.

- A Elisa fez para mim, então eu vou comê-lo todo. - brincou e subi em cima dela.

- Sério isso? Você vai me negar o seu bolo? - sorri com segundas intenções e ela revirou os olhos.

- Tinha esquecido como você é safado assim. - ri e a ajudei a levantar.





Depois de vestidos, saímos calmamente do quarto. Alexa ainda tinha alguma dificuldade em andar, por causa da perna que quebrou, mas aos poucos ela conseguia.





- Eu te ajudo. - disse e peguei nela no colo.

- Luan. - gritou surpresa e ri beijando a sua bochecha.





Quando chegámos na sala entre risos e beijos, fomos surpreendidos com visitas inesperadas. Rober estava acompanhado de alguns homens, nunca os tinha visto na vida, mas sabia que não era boa coisa. Coloquei Alexa no sofá e garanti a sua comodidade com algumas almofadas.





- Você está bem? - perguntei e ela assentiu me deixando mais tranquilo.

- Menino Luan... - Elisa apareceu um pouco receosa e a encarei - Posso servir o café da tarde?

- Claro, serve já para a Alexa, eu já venho. - sorri-lhe para a despreocupar de qualquer coisa que possa estar a incomodando.





Me virei para os homens e o meu amigo que esperavam ali e fui até eles.





- Luan, talvez seja melhor ir para o estúdio. - Rober me avisou.

- Tá, mas quem são? - perguntei confuso.

- Dois investigadores da polícia, - cerrei o meu olhar para eles confuso, o que eles querem comigo?

- Boa tarde. - cumprimentei-os.

- Boa tarde, senhor Luan, será possível um minuto de privacidade?

- Claro, me sigam.





Segui até ao salão dos fundos, não queria levar desconhecidos para o meu estúdio, o meu espaço, que eu considero de outro mundo, pelo simples fato de me fazer sonhar e criar imensas histórias que viram música.





- Vocês aceitam um café, uma água, suco....

- Não, estamos bem. - um deles respondeu e se sentaram no sofá.

- Então o que vocês pretendem comigo?

- Não é bem com você, é com a menina que estava com você.

- A Alexa? O que tem ela?

- Bem, no dia do acidente, nós fomos ao local e fizemos uma análise do caso.

- Como assim foram ao local? Pensei que era um simples acidente... - falei cada vez mais curioso.

- Desconfiamos que não. Testemunhas garantiram que a condutora, a senhora Sandra Barros, provocou o acidente...

- Que provas vocês têm disso? - perguntei e Rober me olhava atento.

- Não havia obstáculos que pudessem a distrair ou impossibilitar de seguir em frente, não havia derrapagens na estrada, e o carro não perdeu o freio. E quem vinha do lado oposto viu ela virando para a ribanceira. Além de outros fatos, mas com esses podemos concluir que ela jogou o carro de propósito.

- Por que ela faria isso? - perguntei me levantando.

- Isso é o que queremos saber, mas para isso precisamos falar com a senhora Alexa. E claro, com você, até onde sabemos você teve uma relação com a Sandra Barros.




Respirei fundo e Rober se levantou vindo ao meu encontro.




- Cara, eles apareceram lá no escritório e falaram dessas suspeitas, eu acho que pode ser uma forma dela ter o que merece. A Sandra tem de ser presa, você tem uma história com ela e pode ajudar nisso. - falava num sussurro.

- E se ela consegue dar a volta como sempre, Rober? Aquela mulher é uma cobra, ela parece estar sempre um passo à frente...

- Eu sei, mas nós sozinhos não vamos conseguir fazer nada e ela vai continuar te rondando esperando o momento certo para atacar, e desta vez pode ser bem pior. - suspirou e passei a mão em meus cabelos.





Por um lado, Rober tinha razão, mas eu não queria dar mais asas a essa história. Sandra morreu para mim há alguns anos atrás, mas sei que quando menos esperar ela pode aparecer de novo.





- Tudo bem. - falei para os policiais - Vocês podem falar comigo, mas com a Alexa não. Ela perdeu a memória e ainda não lembrou de nada, não vou permitir que a pressionem. - falei sério.

- Claro, nós entendemos e respeitamos isso, mas se ela lembrar de algo, por favor, nos avise. - deu-me um cartão e assenti. - Será que podemos falar agora, ou melhor marcar outro dia?

- Acho que é melhor outro dia, hoje é o primeiro dia da Alexa em casa e eu quero estar com ela. Se não se importam, marquem uma hora com o meu assistente, terei o prazer de vos esclarecer tudo.





Depois deles irem embora, Rober ainda ficou um pouco. Alexa comia o bolo animada, dizia estar uma delícia e se serviu de mais um pedaço.





- Trouxe uma coisa para você. - Rober disse e foi rápido ao carro.

- O que será? - ela me perguntou e sorri de canto.

- Espera para ver. - pisquei o olho e lhe roubei um bocado de bolo.

- Tem um monte ali. - disse indignada apontando para o prato do bolo.

- Eu sei, mas roubar de você é mais gostoso. - ri e Rober voltou com um saquinho, eu sabia o que era, tinha pedido que Rober comprasse um celular para ela e conseguisse uma segunda via do seu cartão, mas que apagasse o contato de Teresa, ou Sandra, ou o que seja.

- Um novo brinquedinho para você.

- Um celular? - Alexa perguntou empolgada e Testa assentiu. - Obrigada, eu estava querendo mesmo, preciso falar com o Hugo. - me olhou - Obrigada.

- De nada, depois você fala com o seu irmão, tudo bem? Agora vamos devorar este bolo delicioso.





***




- Quem eram aqueles homens, mais cedo? - me perguntei assim que saiu do banho, eu já esperava na cama.

- Ah, ninguém de importante.

- Não me pareceu ninguém de importante. Você pode confiar em mim. - se aproximou se sentando a meu lado.

- Eu sei, mas não se preocupa, eles só queriam conversar umas coisas do escritório.

- Tudo bem. Vamos dormir?

- Dormir? - indaguei incrédulo - Nãooooo.... - disse manhoso - Vamos namorar.

- Namorar? Você acabou comigo de tarde. - riu tímida.

- Eu disse que era insaciável, mas se você está cansada, eu deixo passar. - fiz graça.

- Eu tomei os remédios e eles estão me dando sono, é só isso, senão... - desviou o olhar envergonhada e a fiz se virar de novo para mim.

- Senão o quê?

- Senão eu queria, eu queria te sentir de novo. - confessou e ri a beijando lentamente.

- Mas você tem razão, precisa descansar e se está com sono, não serei eu a tirá-lo de você.

- Você é fofo, nunca pensei que você pudesse ser assim. - disse se aconchegando na cama.




Tive de rir com o seu comentário. Ela sempre disse que eu era fofo, mesmo que eu negasse. Mas naquela época eu não era fofo, apenas queria ser mais simpático para ela do que era para as outras. Ela merecia a minha gentileza. Agora, ela tem razão, estou sendo fofo, tudo isso porque estou me apaixonando por ela. Estou me permitindo sentir de novo algo que só senti uma vez, só espero que desta vez tenha um final feliz.


Rober tinha marcado com os policias no dia seguinte. Me encontrei com eles no escritório e deixei Alexa em casa vendo um filme, prometendo não demorar.




- Vai lá, Luan, está na hora de abrir o jogo e contar tudo que aconteceu. - disse para mim mesmo e entrei na sala onde os policias me esperavam.




Contei tudo que aconteceu e os motivos para não ter denunciado na época. Contei também da situação recente e de tudo que vi enquanto as seguia.




- Você acha que ela te viu seguindo o carro dela e quis provocar um acidente? - o policial, que descobri se chamar de Álvaro, perguntou me fazendo pensar. Nunca tinha suposto essa hipótese.

- Nunca pensei nisso, mas acho que não, eu ia um pouco afastado... mas é como lhe disse, eu também não vi nada externo que pudesse ter provocado o acidente, me pareceu de propósito.

- Você quer abrir uma queixa-crime contra essa mulher? - o outro policial, Raúl, perguntou e encarei o meu pai e Rober que me acompanhavam naquela reunião. - Dessa forma teremos mais motivos para a incriminar, sem contar que a pena dela sobe.

- Eu não sei, eu tenho medo pela Alexa. Não quero que elas se encontrem de novo, a não ser que a Alexa se lembre, mas enquanto isso prefiro manter as coisas como estão.

- Tudo bem, se mudar de ideia... - assenti sabendo o que deveria fazer - Nós vamos continuar com a investigação, ainda não encontramos a senhora Sandra, desconfiamos que está fora do país.

- Os pais dela moram na Alemanha. - disse.

- Bem, iremos fazer os possíveis para que tudo termine bem.

- Obrigado. - agradeci aos policiais e aceitei o copo de água com açúcar que o Rober me deu.

- Isso vai acabar, boi. Não se preocupa não.

- Eu só acho que poderia ter evitado tudo isso. - encarei o chão - Se eu tivesse denunciado tudo anos atrás, talvez ela estivesse presa pagando pelos seus erros e não tinha chegado perto da Alexa para me atingir de novo.

- Ela voltou com o mesmo método, da última vez usou a Bruna. - o meu pai comenta.

- É, não posso deixar que ela continue me destruindo.

- Agora vai pra casa, a ruiva está te esperando. - Testa brinca e rio fraco.





Encontrei Alexa mexendo no celular e se assustou quando me viu.





- Oi.

- Oi. - selou os meus lábios desligando o celular - Correu tudo bem?

- Aham, o que você acha dos meus pais virem cá jantar hoje?

- Ótimo, vai ser bom tê-los aqui. - assenti e pedi que Elisa preparasse o jantar.

- Falou com o seu irmão?

- Sim, mais cedo. Ele me parece bem, é até estranho vê-lo animado e me tratando bem.

- As pessoas mudam. - disse e ela assentiu.

- Espero que seja o caso dele.




***



Amanhã viajaria para o Rio de Janeiro e Alexa iria comigo. Ela tinha pedido para a levar num show meu e, depois dela sair do hospital há quatro dias, esse seria o primeiro destino dela, seria a primeira vez que sairia de casa também.

Com a ajuda dela, fiz as nossas malas, era a vez dela se aproveitar de mim para tudo, já que eu não queria que ela se cansasse. Estes dias, a fisioterapeuta vinha sempre de manhã e fazia uma sessão com Alexa. Quando a gente voltasse ela iniciaria um tratamento na piscina, e eu confesso que estava ansioso para a ver de biquíni. Sim, eu sei que já a vi de lingerie e nua, mas quero vê-la de biquíni também.





- O que você tanto mexe nesse celular? - perguntei, pois ela não desgrudava do aparelho - Não está falando com nenhum marmanjo né? - ela riu e largou-o.

- Não, ainda há pouco descobri que tenho namorado e você acha que já estava te trocando? - brincou e dei de ombros. - Bobinho, claro que não. - me puxou para perto dela.

- Então o que tem esse negócio que tanto te interessa?

- Você está com ciúme de um celular Luan?

- Não é do celular, é o que ele tem. - rebati e ela riu fraco.

- Nada demais, estava jogando. - a encarei por segundos e ela me beijou.

- Se arruma, a gente vai jantar fora.

- Onde vamos?

- Num restaurante. - disse vagamente e ela semicerrou o olhar para mim.

- A gente já foi nele? Faz parte das minhas memórias perdidas?

- Eu adoraria te levar em um restaurante que a gente, realmente, foi. Mas... - suspirei - Ele não traz boas memórias para mim, então vamos fazer novas memórias para ambos. - sorri fraco.




Eu gostei daquela noite, mas eu lembro que vi a Sandra lá depois de Alexa me ter contado que encontrou a amiguinha. Eu não iria levá-la num lugar onde ela poderia lembrar da amiga, isso nunca.




- Toma banho comigo? - pediu e sorri para ela.

- Precisa pedir, isso deveria ser algo obrigatório. - fiz graça e a peguei no colo.

- Eu consigo andar, você está me tratando como uma bebé.

- Você é, a minha bebé. - beijei a ponta do seu nariz e ela me abraçou.




Esta mulher iria me deixar louco.





Desculpem se não está grande coisa, aqui está tanto frio que até a inspiração e as ideias congelam kkkkk 

sábado, 14 de janeiro de 2017

16 - Namorados




- Como foi isso? - Alexa perguntou deixando-me um pouco confuso - Como a gente começou a namorar? Eu me apaixonei por você?





Ri fraco com a sua curiosidade. Ela confessou que estava se apaixonando por mim antes de virar costas e sair de casa, eu não me iria esquecer disso nunca.





- Sim, você se apaixonou por mim, também não é muito difícil, né? - brinquei e ela riu.

- E você? Se apaixonou por mim? - perguntou me encarando. Olhei Bruna e ela me lançou um olhar desafiador, ela não estava nada de acordo com a minha mentira, mas eu sei o que estou fazendo.

- Você ainda tem dúvida? Lógico que sim. - sorri enquanto acariciava a sua mão.

- Eu ainda não acredito, como assim o Luan Santana se apaixona por uma garota anónima que encontrou na rua?

- Eu sou um ser humano, Alexa. - me justifiquei - E você tem um jeito que me encantou, não posso fazer nada para reverter a situação. - ela gargalhou. - Mas o que você acha disso? Mesmo sem lembrar, você quer me namorar?

- Eu acho que sim. Mas vamos com calma, tá? - sorri assentindo. - A gente tem fotos? Você poderia me mostrar, o doutor disse que pode me ajudar a lembrar...





Respirei fundo e olhei Bruna, ela me olhava como se me dissesse "E agora? Se ferrou!".





- A gente não tem muitas, mas eu vou te mostrar as poucas que tenho, tudo bem? - ela assentiu. - Eu esqueci o celular hoje, mas a Bruna vai trazer mais tarde.

- Tudo bem. Você pode me falar do Noah? Eu só lembro de estar fugindo dele... - lamentou.

- Então, vocês chegaram a se encontrar outra vez e não correu muito bem, mas eu estava lá e você não saiu magoada. Depois vocês só se falavam pelo celular, você me contou que ele estava trabalhando com um amigo e, para isso, precisa viajar pelo país.

- Então ele tomou jeito?

- Mais ou menos, mas você ficava sempre melhor depois de falar com ele.

- Ele sabe da gente? - perguntou aflita.

- Não, poucas pessoas sabem, ainda é algo que eu quero manter secreto, me entende?

- Também prefiro assim. Será que eu posso ligar para o meu irmão?

- Você perdeu o celular no acidente. - contei - Mas eu vou ver o que posso fazer para recuperar as suas coisas.

- Obrigada. - sorriu fechado observando o meu rosto e, em seguida, encarou Bruna. - Desculpa não me lembrar mesmo de você. Mas tenho certeza que iremos ter novas memórias.

- Não tem problema, eu entendo. - a minha irmã se levantou e se aproximou - E você ainda pode lembrar, então, eu vou esperar. Luan, eu vou indo, você vai ficar né?

- Sim, eu vou ficar aqui. Pode me trazer algumas roupas? Eu só viajo daqui a três dias.

- Claro que sim. Vou avisar os nossos pais também.





Bruna saiu e me lembrei que precisava da ajuda dela. Deixei Alexa por um momento sozinha e fui até à minha irmã, encontrando-a na porta do quarto.





- Bubu, por favor, liga para o Testa e pede para ele editar e me mandar as fotos que ele tirava de mim e da Alexa no camarim ou nos bastidores dos shows, por favor. Não são muitas, mas eu acho que ele tem algumas.

- Você tem certeza que a enganando é o melhor? E quando ela lembrar de tudo e ver que vocês não namoram coisa nenhuma?

- Bubu, se isso acontecer eu irei explicar, mas eu só estou torcendo para que ela esqueça os últimos acontecimentos, não quero que ela lembre que me odiava.

- Tudo bem, eu só não acho certo. Eu vou falar com o Rober.

- E pede à Elisa para levar as roupas dela para o meu closet.

- Isso já não é demais? - perguntou preocupada.

- Não, ela tem de acreditar que a gente estava realmente junto quando voltar pra casa.





Voltei para o quarto e a enfermeira chegou logo em seguida. Levou Alexa para o banho e aproveitei para colocar o meu celular em silêncio, não queria que Alexa percebesse que menti, apenas não me queria explicar sobre não ter fotos nossas no meu celular.

Quando ela saiu do banho, disse que se sentia uma nova pessoa. Voltou para a cama e me ofereci para lhe dar de comer, fazendo a enfermeira sair do quarto. Era bom estar a sós com ela.





- Você gostou do meu novo penteado? - me questionou brincando e ri.

- Você continua linda, e o seu cabelo vai crescer de novo, não se preocupa.

- Você gosta de mim assim?

- Gosto de você de todas as maneiras e feitios. - garanti e ela acariciou o meu rosto enquanto lhe dava a sopa.





Quando terminou de comer, arrumei as coisas para um canto do quarto e a aconcheguei na cama, me deitando a seu lado. Liguei a TV e ficamos assistindo por um tempo.





- Luan? - me chamou e a olhei vendo que ela estava curiosa sobre algo.

- Diz, amor. - ela sorriu e acabei sorrindo também.

- Como eu tive o acidente? Eu não lembro de ter carteira de motorista. Eu estava sozinha?

- Não, você não estava sozinha. Você... - suspirei pensando numa mentira boa para lhe contar - Estava com um motorista da minha empresa. Ele iria te levar no shopping.

- Ele está bem?

- Está, ele está bem.

- Ainda bem.





Ela se ajeitou no meu peito e me abraçou de lado. Percebi que estava meio sonolenta e comecei fazendo cafuné.





- Luan... - me chamou de novo - A gente já... - me encarou receosa - A gente...

- A gente o quê? Se a gente já transou? Já, muitas vezes. - ri e ela escondeu o rosto no meu peito.

- Não estava falando disso. - ficou séria novamente - A gente já... - limpou a garganta - A gente já disse "eu te amo"? - acabei sorrindo com o jeitinho envergonhado dela.

- Não, e ainda é cedo para isso. A gente só namorava há duas semanas antes do acidente.

- Agora namoramos há um mês e duas semanas. - disse e assenti fazendo valer a minha mentira. - Eu quero que você me ajude a recuperar a memória. Você vai me ajudar, né?

- Eu vou fazer de tudo para isso. - beijei o topo da sua cabeça.

- Eu quero saber como é estar apaixonada por você, deve ser bom se apaixonar por alguém tão gentil e encantadora como você.

- Você que é tudo isso.

- Estou louca para sair daqui. - reclamou e ri.

- Ainda vai demorar um pouquinho, você tem de tirar o gesso da perna e fazer a fisioterapia para recuperar os movimentos.

- Eu sei, quando eu sair daqui, você me leva num show seu?

- É a primeira coisa que você quer fazer? - perguntei surpreso.

- Sim, quero te ver no palco, cantando. - sorriu tímida e tomei a iniciativa para a beijar.





Fui aproximando nossos rostos e consequentemente as nossas bocas, mas quando as nossas respirações se fundiram, Alexa se afastou.






- Desculpa. Eu não sei se...

- Fala, você não precisa ter vergonha de mim. - fiz carinho em sua bochecha.

- Eu não sei se me sinto preparada para esses afetos.

- Você quer tentar? Só um selinho? - sugeri e ela me olhou e assentiu fechando os olhos, era a coisa mais fofa do mundo.





Voltei a me aproximar e selei os seus lábios, mas eu sendo eu mesmo, teria de ir além. Então, comecei aprofundando o selinho, tornando-o num beijo. Alexa agarrou o meu braço forte, mas não parei, só eu sei quanta saudade sentia dela.





- Você disse que era só um selinho. - me jogou à cara quando parei.

- Desculpa, eu não resisti. - ri fraco.

- Eu gostei. - admitiu e voltei a beijá-la novamente.





***





Já era noite, quando Bruna trouxe a minha mala com algumas roupas. Acabei jantando com Alexa no quarto. Agora os meus dias seriam assim, eu não iria sair de perto dela tão facilmente.




- A mãe disse que amanhã vem aqui visitá-la. - informou e assenti.

- Obrigado por estar me ajudando.

- A mãe vai querer te bater, você sabe disso, não sabe? Eu lhe contei sobre o seu plano e ela disse que você estava doido.

- Eu depois me resolvo com ela.





Quando entrei no quarto ela sorriu enquanto me via arrumando a minha mala. Durante a tarde, Alexa adormeceu e aproveitei para ver as fotos que Rober me mandou. Teria de inventar uma história para algumas delas. Mas Alexa, talvez, nem fosse me questionar tanto.





- Ela trouxe o seu celular? Posso ver as fotos? - perguntou curiosa.

- Claro. - me sentei ao seu lado e comecei lhe mostrando, algumas a gente estava na van, eu deitado no ombro dela como quase sempre acontecia depois de um show. Outras a gente estava se olhando no camarim enquanto ria de alguma coisa, ou então estávamos conversando, ou bebendo algo, no bar do hotel no final da noite. Até para mim eram novidade, mas Rober merecia um presente por estar sempre com a máquina ao pescoço e fotografar momentos como estes.

- A gente não tem nenhuma mais caseirinha? - me olhou confusa - Nós não tirávamos fotos a nós mesmos?

- Ah, essas ficaram no seu celular e como ele se perdeu, não tenho como te mostrar.

- Tomara que você consiga recuperar tudo.

- Mas enquanto isso, vamos fazer novas memórias. Chega mais, vamos tirar a nossa primeira foto depois de você voltar para mim.




***



A minha mãe apareceu no dia seguinte pela manhã. Me deu um sermão por estar enganando a Alexa, mas lhe expliquei que eu estava certo do que estava fazendo. Ela me contou que Sandra já estava totalmente recuperada e que a segurança voltou a ser reforçada, pois não sabíamos até que ponto ela ainda iria.

Só de imaginar Sandra e Alexa juntas, de novo, me dava arrepios, eu tinha de a proteger disso, mesmo que tivesse de mentir.





- Ela já acordou? - me perguntou, conversávamos no corredor.

- Ainda não, mas já já ela acorda, a senhora quer vê-la?

- Quero.





A levei até Alexa, que acordou segundos depois. Ela não se lembrava da minha mãe, como esperado, mas isso não fez D. Marizete desistir e, começou lhe contando, histórias de quando eu era criança.




- Mãe, não precisa disso tudo. - reclamei.

- Claro que precisa, se vocês namoram, ela tem de saber essas coisas. Não é, Alexa?

- Concordo, pode me contar mais D. Mari.

- Amor mas você precisa descansar. - tentei convencê-la.

- Nisso ele tem razão. - mamusca falou - Eu vou indo, depois eu volto viu mocinha. - abraçou a minha ruiva e se despediu de mim em seguida.

- A sua mãe é um amor. - Alexa comentou e a beijei.

- Estava precisando disto para começar o dia melhor. - falei e ela riu, me puxando para outro beijo.




Queria que estes momentos perdurassem. Ela não precisava de lembrar de tudo, não precisava de saber que a gente era só ficante. Verdade seja dita, nós estávamos bem mais felizes agora, como namorados, nos conhecendo novamente, nos tornando cúmplices e íntimos.


Os meus dias de shows chegaram e tive de viajar. Avisei o médico para me ligar assim que houvesse algumas mudanças no quadro dela. Mas os dias se passaram e ela continuava sem lembrar de nada. Arleyde já sabia do ocorrido e estava pronta para esclarecer alguns boatos que surgiam sobre o nosso possível namoro. Pedi para não confirmar ainda, mas também para não negar, apenas dizer que nos estamos conhecendo melhor.


Quando cheguei no hospital depois de quatro dias viajando, encontrei Alexa na sala da fisioterapia andando devagar. Ela tinha ótimos progressos desde que começou há dois dias e, talvez, a sua alta estivesse mais próxima do que esperado.




- Olá. - ela disse quando me viu ali.

- Olá. Como você está se sentindo? - beijei o seu rosto de leve.

- Melhor. A sua irmã e a sua mãe vieram me ver sempre. Adorei ter a companhia delas.

- E eu quero é ter a sua. - comentei.

- O médico disse que eu já poderia ir pra casa nos próximos dias.

- Você já não está tomando soro, nem nada disso né? Então qual o problema de você ir mais cedo pra casa? Eu posso pagar para irem fazer as sessões de fisioterapia lá em casa, você nem precisava sair.

- Eu iria agradecer imenso se você conseguisse convencer o doutor a isso.

- Pode me agradecer agora, porque eu vou conseguir. - a beijei lentamente.




Como esperado, o doutor aceitou as minhas sugestões e tratou de tudo para ela ter o acompanhamento necessário em casa.


Abri a porta de minha casa e ela entrou sorrindo. Observou cada canto como se fosse a primeira vez ali.




- Tinha saudades de estar aqui. - confessou e a abracei por trás.

- Você terá muito tempo para matar essa saudade. Agora, vamos para a cozinha que a Elisa preparou um almoço especial.

- Quem é a Elisa? - perguntou.

- A minha empregada, mas é quase uma mãe.




Elisa ficou emocionada quando a viu, fazendo Alexa ficar sem jeito. A minha ruiva comeu demais, dizendo que a comida do hospital era sem sabor.





- Mais logo vou fazer um bolo para a menina.

- Obrigada Elisa. - sorriu me olhando - Posso conhecer o seu quarto agora?





Assenti me lembrando que ela só entrou no meu quarto alguns dias depois da gente transar a primeira vez, antes disso ela não o conhecia.





- Será um gosto te mostrar de novo. - abri a porta e lhe dei passagem. - As suas roupas estão aqui, a gente já estava junto até nisso.





Ela ficou zanzando pelo cómodo um pouco e voltou para perto de mim. Me puxou para a cama e me fez deitar, ficando deitada em meu peito.





- Eu nem acredito que você está aqui comigo, depois de tanto tempo em coma.

- Você sentiu a minha falta?

- Muita. - admiti - Eu só tinha vontade de te abanar e te obrigar a acordar, era um desespero chegar no hospital e te ver como no dia anterior.

- Mas agora eu voltei, você pode matar essa saudade.

- Ainda não acho que você possa suportar isso.

- Suportar o quê? - me olhou confusa.

- Uma noite de amor. - falei e sorri, era bom dizer noite de amor e não noite de sexo. Noite de amor fazia com que ela fosse mais minha.

- Você quer uma noite inteira? - me questionou surpresa.

- Sou insaciável, aliás, somos. - a abracei.

- Podemos tentar, mas você tem de ser cuidadoso.





Arregalei os olhos a observando, ela estava mesmo me dando autorização para fazer o que quiser dela durante a noite?





- Você tem certeza?

- Tenho, eu acho que isso vai me ajudar a me sentir mais próxima de você.

- Eu te amo, sabia? - selei os seus lábios e ela me parou. - O que foi?

- Você... você falou... - me olhava emocionada e riu em seguida me abraçando.

- Falei o quê? - perguntei ainda perdido.

- Você disse "eu te amo, sabia?".

- Eu disse, foi? - ela assentiu - Então é porque é verdade, talvez eu te ame mesmo.

- Obrigada por me amar, eu prometo te amar de volta. Só me espera. - assenti e nos virei na cama.




Ela seria minha não só durante a noite, mas também o resto da tarde.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

15 - Reviravolta & Nova Vida




Elisa apareceu apavorada na sala e ao me ver, ainda mais apavorado, correu ao meu encontro me abraçando.




- Ah menino... - choramingou.

- Ela te fez alguma coisa Elisa? - a analisei e ela negou.

- Não, ela apenas me obrigou a distrair a menina Alexa enquanto estava com você. Eu pensei em chamar alguém mas ela estava com uma arma. - disse assustada - Ela voltou mais louca ainda. Mas você está bem? - passou a mão no meu rosto e na minha blusa, ainda aberta e, aproveitei para a fechar.

- Eu não estou nem um pouco bem, mas eu preciso ir atrás da Alexa.

- Ela saiu com ela? - questionou preocupada e assenti.

- Ela entendeu tudo mal. Liga para o Rober e pede para ele accionar o ship do meu carro, avisa os meus pais e pede para eles esperarem aqui, eu prometo voltar.

- Cuidado Luan.




Saí correndo e entrei no meu carro. Não sei qual é o carro da Sandra, nem tão pouco para onde elas foram, mas esperava conseguir alguma pista. Assim que passei pelos portões do condomínio segui a longa estrada que tinha na frente. Eu teria de conseguir apanhá-las nesta avenida praticamente deserta.

Um carro mais na frente chamou a minha atenção, era cinza e parecia ter duas pessoas dentro, conduzia a uma velocidade alta e, isso só me fez ter a certeza quase absoluta de que eram elas. Aproximei-me um pouco mais e consegui ver os cabelos ruivos de Alexa, eram elas sim.

Tentei não me colar muito ao carro dela, eu nem sabia o que estava fazendo. Só queria ter certeza de que Alexa estava bem.





Alexa POV



Eu ainda não estava acreditando no que aconteceu. Ainda custava acreditar que Luan foi capaz de beijar a minha amiga e, se eu não aparecesse, quem sabe fazer mais coisas com ela. Eu sei que não somos namorados ou algo do género, mas ele me prometeu a sua exclusividade, ele prometeu que seria apenas meu. Teresa tentava me fazer parar de chorar, eu estava despedaçada, Luan traiu a minha confiança.




- Eu sabia que isso ia acontecer. - Teresa disse receosa.

- Do que você está falando?

- O Luan é assim, Alexa. Ele não é aquele cara legal que você conheceu, ele é ruim.

- Por que você está falando com tanta certeza? - a encarei curiosa.

- A gente se conhece há alguns anos. - confessou, agora entendi porque Luan ficou tenso com ela, ele não esperava ver alguém do passado...

- Vocês namoraram?

- Não. - disse rápido - A gente ficava, do mesmo jeito que vocês. Eu era uma garota terminando a minha faculdade de farmácia e ele apareceu na minha vida. Nos conhecemos num show dele, ele pediu para o Rober me levar no camarim.

- O que ele fez com você?

- O que iria fazer com você. - me olhou com pena - Ele tirou toda a minha inocência e ingenuidade, tudo de bom que eu tinha foi destruído por ele. O Luan me usava como um brinquedo sexual enquanto fingia gostar de mim.

- Como você descobriu que ele andava brincando com você?

- Eu descobri quando ele me expulsou da casa dele, disse que não me queria mais, para eu o esquecer e fazer a minha vida sem ele.

- Do nada? - indaguei chocada.

- Do nada.-  confirmou - Ele pegou nas minhas coisas e me jogou na rua, me deixou sem teto. Você sabe que os meus pais moram no Canadá, antes de conhecer o Luan eu dividia um apê com alguns amigos da faculdade, mas eu larguei tudo para viver com ele. Foram seis meses me enganando.





Seis meses. Seis meses é o tempo do meu contrato na LS Music, contrato esse que eu não posso quebrar. Luan já tinha tudo pensado, ele queria me usar também. Queria fazer de mim a sua acompanhante para depois me jogar na rua como se eu fosse lixo.





- Ele é um monstro. - disse com mágoa e ódio - Eu sinto muito pelo que ele te fez.

- Desculpa por te ter mentido, mas eu precisava que você percebesse quem ele é de verdade. Eu voltei para me vingar e quando soube que ele tinha alguém morando na casa dele eu fiquei alerta até descobrir que era você. Eu estava te protegendo do que ele iria te fazer. Você é a única amiga de verdade que eu tenho agora.

- Posso dizer o mesmo. - sorri fraco entre as lágrimas.

- Quando ele me despiu e me colou na parede eu queria gritar, mas ele disse que me faria bem pior do que antes, então me beijou... - contou e o meu coração doía por ela, pela traição de Luan, pelo fingimento dele, como eu me deixei enganar?

- O contrato que eu tenho com a empresa é de seis meses, eu não posso quebrá-lo, eu não sei o que fazer.

- Calma, eu vou te ajudar. Todo o contrato tem uma falha, a gente vai encontrar uma e te libertar dele. - falou apertando a minha mão - Mas há outra coisa que eu tenho pra te contar. - a olhei cuidadosa esperando pelo que viria - O seu irmão...

- O que tem o meu irmão? - perguntei com o coração querendo sair.

- O Luan anda pagando uma boa vida para ele em Salvador, casa, carro, festas, mulheres, tudo que um homem quer.

- Mas ele não me contou nada disso. - rebati.

- Se você descobrisse, o Luan iria arrumar um jeito de castigar o seu irmão.

- E por que você está me contando? - perguntei confusa, reparei que estávamos numa estrada um pouco ruim, onde passavam imensos camiões e tinha uma ribanceira do nosso lado, acho que nunca passei por aqui.

- Porque eu preciso de você, preciso da sua ajuda para desmascarar o Luan e fazê-lo pagar por tudo que nos fez. Você topa ser minha parceira?

- Eu não sei... eu não gosto de vingança.

- O que você tem a perder Alexa? Nada. Você acha legal ele fazer isso com pessoas inocentes como a gente, acha legal ele usar o seu irmão para, quem sabe, te chantagear no futuro?

- E o que você está pensando? - ela tinha razão nas coisas que dizia, Luan tinha de pagar por tudo, eu não quero que ele use o Noah para fazer o que quiser de mim.

- Você aceita me ajudar? - perguntou querendo ter certeza.

- Eu aceito.




Teresa começou me explicando algumas coisas de forma geral, mas em questão de momentos tudo que vi foi escuridão.





Luan POV



NÃO! NÃO! NÃO! O carro não pode ter se despenhado, não pode. Será que Sandra queria matar Alexa? Será que foi acidente? O que realmente aconteceu, Deus?

Parei imediatamente e saí correndo, o carro estava capotado e preso numa pedra no final da ribanceira. Era uma zona íngreme, eu não conseguiria ir lá. Outras pessoas pararam também e começaram a alertar a polícia, os bombeiros e a ambulância. Eu não sabia o que fazer.





- Luan entra no carro. - Rober disse sério ao meu lado, nem tinha percebido que ele estava ali.

- Você me seguiu? - perguntei e ele assentiu.

- Você mandou accionar o ship, fiquei sem entender nada, mas sabia que era grave. Agora, entra no carro, o Well está lá e vai te levar.

- Eu não vou pra casa. Eu quero acompanhar a Alexa, eu quero saber como ela está. - disse irredutível, ninguém me tiraria dali sem ela.

- Eu cuido disso pra você, eu a acompanho e te aviso quando chegar no hospital.

- Se ela chegar né... - senti um nó se formar na minha garganta e Rober apertou meu ombro.

- Vá lá, confia em mim, eu te deixo avisado de tudo. - me garantiu e eu confiava nele.





Assenti sabendo que, talvez, seria a melhor opção. Não seria nada bom me verem ali e eu não queria dar satisfação a ninguém.

Voltei em silêncio com Well conduzindo o meu carro. Eu nem tinha percebido que as persegui por tanto tempo, só na volta eu reparei que se passou mais de meia hora. Well estava quase entrando no condomínio quando Rober me ligou.





- Rober como ela está? - perguntei aflito.

- Tem calma, ela está viva. - disse me deixando aliviado. - Mas está desacordada, pedi para a levarem para o Hospital Albert Einstein, aí no Alphaville.

- Obrigado Testa, eu vou esperar lá. - desliguei e mandei Well seguir para o hospital, eu iria providenciar o melhor para ela.





Alexa estava na sala de cirurgia, pelo que me disseram ela sofreu um traumatismo craniano e precisariam de evitar que o sangue coagulasse. Fora isso, ela estava com uma perna quebrada e vários arranhões.

Longas horas se passaram até o médico aparecer com novas informações. A minha família já estava comigo e isso me deu algum alento.





- A cirurgia correu bem. - o médico avisou e respirei sentindo um peso sair de mim - Mas... - disse e voltei a ficar com o coração apertado, lógico que nada poderia estar completamente bem - Ela está em coma.

- Em coma? - disse sem acreditar.

- Mas as perspectivas são boas, embora não lhe posso dar muitas certezas, mas dentro de dias ela pode acordar.

- Faça os possíveis e os impossíveis para que ela fique completamente bem, doutor. - disse mais sério e ele assentiu. - Posso vê-la?

- Claro, ela é sua namorada? Você vai passar a noite com ela?

- Sim eu sou namorado e, sim, eu vou passar a noite. - decidi na hora, mas lógico que eu ficaria, pelo menos até começarem os compromissos novamente. Já a parte de dizer que a gente namorava foi impulso, eu não sei porque disse isso.

- Filho?! - a minha mãe disse confusa querendo explicações.

- Depois eu explico tudo mamusca. - falei a acalmando, mas também não sabia como lhe explicar.

- Você quer que eu fique com você? - Bruna ofereceu e assenti, seria bom tê-la comigo.





Sei que ia contra as regras ficar mais do que uma pessoa no quarto, mas eu não era qualquer pessoa e o médico autorizou a presença da minha irmã. Rober disse que Sandra tinha ido para outro hospital, esperava que ela morresse. Sim, eu sei que não se deve desejar a morte a ninguém, mas aquela mulher merece. Acreditem em mim.

Alexa estava ligada às máquinas visivelmente machucada, vários cortes em seu rosto e nos lábios, aqueles lábios que eu amava, parte do seu cabelo estava raspado por causa da cirurgia, mas nem isso a deixava feia. Eu sabia que ela ia acordar, eu ia me explicar e tudo iria ficar bem.





- Mesmo assim ela continua linda, que inveja. - Bruna disse brincando e sorri fraco, sabia que ela me faria bem - Você tirou a sorte grande, nem acordando essa mulher deve ser feia.

- Ela não é mesmo. - garanti - Continua linda. - acariciei a sua mão onde um catéter estava introduzido.

- Verdade que vocês namoram? - a encarei e neguei.

- Não, nem sei porque disse aquilo.

- Eu acho que sabe sim. - me pressionou - Você está gostando dela de verdade e quer que ela seja sua namorada.

- Eu não tenho cabeça para relacionamentos, Bruna.

- Claro que você tem, você só tem é medo de se magoar de novo, mas nem todas são como a Sandra. - me abraçou de lado descansando a sua cabeça em meu ombro - Agora me explica tudo que aconteceu.




Pedi para nos sentarmos e comecei contando tudo. Reviver as memórias da tarde eram um tormento, eu sentia tudo novamente, como era possível alguém me fazer sentir tão mal assim? Bruna me abraçava e fazia carinho em meu cabelo.




- Essa mulher tem de pagar por tudo isso, Lu. - disse no fim. - Ela é doente.

- Só espero que a Alexa me deixe contar tudo.

- Ela vai, até porque ela está com a perna quebrada, não tem muito por onde fugir. - me fez rir.

- Só você para me fazer bem num momento destes. - a abracei - Obrigado Bubu, eu te amo.

- Eu muito mais, meu chatinho. - beijou o meu rosto e ficamos naquele grude por mais algum tempo.





Havia um sofá-cama no quarto de Alexa, não era muito grande, mas cabia perfeitamente duas pessoas. Havia cobertores no armário e foi assim que passei a noite. Alexa estava em coma e o mais certo seria acordar dentro de dias, não nas próximas horas, mas eu queria acreditar que seria rápido.


***


UM MÊS se passou e Alexa continuava igual. Bruna me prometeu passar todos os dias lá para me dar notícias mas todos os dias era a mesma coisa, "ela continua em coma Lu". Pressionei o médico, ele me disse que demoraria dias, não semanas. Mas ele argumentou dizendo que não tinha controle sobre isso, só dependia dela. Acho que nunca orei tanto na minha vida. Sempre que estava em Sampa eu ficava lá com ela, cantava para ela, contava como foram os meus dias e até falava das saudades que as minhas fãs começavam a ter dela e, claro, que eu também tinha. Mais nenhuma mulher se deitou na minha cama, eu não tinha cabeça para isso e, agora, a minha cama pertencia a Alexa. Eu continuava sendo dela e esperava que ela continuasse sendo minha. Fiquei sabendo que Teresa não sofreu tanto, apenas partiu um braço e o pescoço. É o que dizem, vaso ruim não quebra fácil. 

Estava sentando ao lado da sua cama, acariciava o seu rosto onde, agora, só tinha algumas cicatrizes. A zona raspada do seu cabelo já tinha crescido um pouco, mas ela continuava igual, nada mudava. Desejava que ela me escutasse e me sentisse ali com ela, quem sabe isso não a faria querer voltar para a vida real, voltar para mim.




"Que tal apostar a gente não se fala mais por um mês,
você vai ver que o tempo não muda nada, nada, nada, nada.
Eu tô aí, mesmo sem estar" ♫




Cantarolei tentando que ela ouvisse e acordasse, eu tinha saudade do seu sorriso, dos seus olhos verdes, dos seus cabelos em cima de mim. Tinha saudade do seu cheiro, da sua pele macia, do seu toque suave quando me acordava.




- Acorda amor. Eu preciso de você me provocando e me fazendo correr atrás de você, a gente sempre terminava aos beijos na cama, ou até no sofá. - ri fraco - As noites no hotel são tão vazias e tristes sem você, eu vou para o show querendo que ele dure a noite inteira, só para eu não ter de voltar para o hotel e não te ter do meu lado. Olha só o que você fez comigo? Me deixou um sentimental, até pareço um bobo apaixonado.

- Isso porque você é. - Bruna disse me assustando. - Você está caídinho por ela, é tão difícil assim pra você perceber isso?

- Só quero que ela acorde. - mudei se assunto.

- E que te entenda e que aceite o seu pedido de namoro.

- Você está fazendo muitos filmes.

- Vai dizer que você não a quer como namorada? Acho que nem o Breno que é apaixonado por mim seria capaz de dizer coisas tão lindas como você disse pra ela. E você ainda diz que não está apaixonado, imagina se estivesse. - ironizou e sorri tímido.

- O tempo dirá isso. - ela deu de ombros sabendo que eu não me prolongaria muito mais sobre esse assunto.




Voltei para casa exausto, eu tinha chegado de viagem hoje de manhã e fui direto para o hospital. Elisa terminava o almoço e sorriu doce assim que me viu.




- Fiz bife acebolado.

- Nossa, que bom. - me deliciei - Só você pra me mimar.

- Você merece.




Elisa me serviu e pedi que se sentasse a meu lado, Bruna tinha ficado no hospital enquanto eu vim tomar um banho e almoçar.

Terminei o meu banho e o meu celular não parava de tocar. Tinha imensas chamadas da minha irmã, liguei imediatamente.




- Ela acordou Luan, ela acordou. - disse empolgada.

- Já estou indo.




Foi sem dúvida a melhor notícia que eu recebi na vida. Estava tão aliviado, o meu coração pulsava animado. Só queria vê-la, abraçá-la, beijá-la. Ouvir a sua voz de novo, ver o seu sorriso e os seus olhos me analisando. Só queria ver Alexa bem. Me vesti em cinco minutos e saí correndo, o meu cabelo grande estava molhado e caía na minha cara, mas nem isso me fez perder tempo para arrumá-lo.

Cheguei na porta do quarto e Bruna me esperava.




- O doutor está fazendo alguns exames e ver se ela está bem. Ainda não podemos entrar.

- Como foi que ela acordou?

- Eu estava no instagram distraída e parece que a vi se mexendo mas quando olhei ela continuava igual. Até me assustei, mas depois ela começou falando.

- O que ela disse?

- Ela chamou pelo irmão, ela só dizia "Noah, Noah, Noah".

- Tomara que ela esteja completamente bem.

- Ela me viu e fez uma cara estranha. - Bruna constou - Parecia que nem me conhecia, resolvi ir chamar logo o doutor.




O médico saiu do quarto e corri para ele, a ansiedade me comia por dentro.




- Então doutor? - perguntei arrumando os meus cabelos como dava.

- Ela acordou e está quase bem.

- Quase? Como assim? - perguntei me preocupando.

- Parece que ela teve um lapso de memória, ela não lembra do acidente. Preciso que vocês entrem e tirem essa dúvida.




Assenti e fui atrás dele. Confesso que tremia de nervoso em vê-la novamente. Mas quando a porta se abriu eu a vi, linda, com a cara rosadinha, os cabelos soltos e o olhar fixo na janela.

Ela se virou e sorriu assim que me viu, será que ela se lembra de mim?




- Oi. - disse um pouco sem graça.

- Olá Luan.

- Você lembra dele? - o médico perguntou apontando algo na sua prancheta. - Do que você lembra?

- Eu lembro, ele me levou para casa dele e me deu um emprego. Não me diga que já fui despedida?!! - brincou e ri fraco, finalmente vi a alegria estampada na sua cara.

- Não, você tem sido uma ótima funcionária.

- Isso já foi há muito tempo, Luan? - o doutor me questionou - Quando vocês se conheceram.

- Sim, já fez três meses ou quatro, eu não sou bom em datas.

- Faz três e uma semana. - Bruna me corrigiu.

- Do que mais você lembra dele, Alexa?




Ela me encarava pensativa tentando forçar a memória.




- Da Debbie, ela é sua amiga.

- Não é mais. - disse firme. - Você se lembra da nossa primeira viagem? Foi para Porto Alegre. - ela negou e sorri triste.

- Aconteceu alguma coisa de muito bom nessa viagem? - perguntou curiosa e assenti, foi o nosso primeiro beijo e a nossa primeira noite.

- Aconteceu, a gente se beijou. - ela arregalou o olhar para mim.

- Nossa, mas foi só isso? - perguntou confusa.




O que eu iria fazer? Alexa parecia que só lembrava dos dois primeiros dias que nos conhecemos, nada mais.




- Doutor, é normal ela não lembrar de muita coisa ultimamente?

- Sim, ela bateu com a cabeça, teve sorte que parece ser apenas uma amnésia psicogénica. Normalmente esse tipo de amnésia é temporário e no caso dela me parece ser retrogada, pois ela não se lembra de momentos anteriores ao trauma, alguns com bastante tempo, é como se os últimos três meses não existissem na memória dela.

- Há cura?

- Sim, o normal é ela se lembrar nos próximos dias, mas há casos em que a perda é permanente e o doente perde trechos completos da sua vida. Fotos, conversas ou até músicas, no seu caso, podem ajudar bastante a recuperar a memória. Mas nos próximos dias faremos um novo diagnóstico, até porque ela necessita de fisioterapia na perna também. - assenti escutando tudo com atenção, demoraria para ela sair do hospital pelos vistos.

- De mim, você se lembra? - Bruna perguntou e Alexa negou - Eu sou a Bruna, irmã do Luan.

- Eu não lembro, moça, desculpa.

- Sem problema. - sorriu triste e se sentou no sofázinho.



O doutor saiu avisando que a enfermeira voltaria em breve para alimentar Alexa e lhe dar banho, eu não me importava de fazer isso, mas sei que ela poderia estranhar.




- Você não me respondeu. - ela me despertou - Aconteceu mais alguma coisa nessa viagem?

- Sim, a gente dormiu junto...

- Dormiu? Ou...

- Algo mais. - esclareci e ela me olhava assustada.

- Isso não foi estranho?

- No começo foi, mais pra você. Eu estava bem com isso. - sorri e apertei a sua mão - E tem mais.

- Mais?

- A gente começou a se relacionar bastante e...

- A gente não casou né? - perguntou com desespero e ri negando.

- Não, não casamos. Mas a gente namora. - contei.

- Luan! - Bruna exclamou e a olhei mandando-a ficar com o bico fechado, eu sabia o que estava fazendo.




Alexa podia não se lembrar de nada, mas pelo menos saberia que eu era seu namorado, mesmo que isso fosse mentira. Mas ela não precisaria de saber, não agora. Se ela perdesse as memórias antigas eu lhe daria novas e melhores. Só a queria ter para mim.

Alexa me olhava séria e assustada, será que ela não gostou de saber disso?





Outro capítulo enorme que merece surra de comentários! Fico à espera amores, senão eu faço mesmo greve, estou falando sério hahah Um beijo <3 

domingo, 8 de janeiro de 2017

14 - Exclusividade & Passado traiçoeiro



Acordei com o sol batendo em meu rosto. Luan dormia sereno e com a respiração pesada. Eu estava me sentindo tão feliz por ele estar apenas comigo ultimamente. Me sentia sortuda e um pouco vitoriosa por conseguir a exclusividade dele nem que seja por pouco tempo.

A campainha tocou e me dei conta de que não foi apenas o sol que me acordou. Ainda era cedo e Elisa não estava em casa. Me levantei para atender a porta mas Luan se virou acordado. 




- Bom dia. - se espreguiçou e bocejou. Sorriu para mim em seguida me despertando, eu tinha-me perdido no seu jeito ao acordar. 

- Oi. - respondi sorrindo e ele varreu o olhar pelo meu corpo. - Vou abrir a porta.

- Assim? Mas você não vai mesmo. - só então me apercebi que estava nua, Luan já vestia uma cueca e uma camiseta e me atirou outra para eu me vestir. - Não desce, apenas se cobre um pouco para eu não te prender nessa cama e te foder como na noite passada. 




Arregalei o olhar com a sua língua afiada e assenti. Ele beijou-me lentamente e apalpou a minha bunda antes de sair e bater a porta. 

Luan estava demorando, resolvi espreitar para ver quem poderia ser. Desci as escadas devagar e ouvi vozes femininas na sala. Tatiana, Debbie e outras moças estavam ali. Luan estava de braços cruzados visivelmente chateado. 




- Vocês não têm esse direito. - falou alto para elas. 

- Claro que temos, você não nos diz o que aconteceu. - sem querer embarrei num vaso e todos me olharam. 





Sorri fechado e me aproximei um pouco de Luan. Elas me olhavam como se me analisassem e fiquei curiosa para saber os motivos que as trouxeram aqui de manhã cedo. 




- Eu sabia que você estava acompanhado. - Debbie falou sarcástica - Por isso deixou de me ligar.

- Ela é a assistente dele, gostei de você quando te vi naquela manhã. - Tatiana falou sorrindo de canto enquanto olhava as minhas pernas descobertas. Luan enlaçou a sua mão na minha cintura. 

- Vocês vão embora agora, eu não tenho de vos dar satisfações do que eu faço. Se eu não chamei vocês foi porque não queria transar com nenhuma de vocês, não admito que me cobrem, estamos entendidos? - disse sério e até eu me assustei com o seu tom de voz. 

- Só achamos que merecíamos uma explicação, não é normal você nos largar assim. - uma moça de pele morena falou. 

- O que não é nada normal são vocês que se juntaram para me cobrar deveres. Eu nunca vos prometi nada, nunca vos fiz esperar mais de mim do que apenas sexo. - Debbie encarou o chão sabendo que Luan falava principalmente para ela - Saiam da minha casa agora.

- Desculpa Luan. - Tatiana falou continuando a me olhar - A gente não queria te chatear, nós vamos embora.

- E bico calado ou então não pouparei nos processos. - Luan ameaçou e elas assentiram saindo uma a uma.

- Se quiserem algo a três me chamem. - Tatiana sussurrou antes de sair. 




Encarei Luan e ele passava as mãos no cabelo de nervoso, eu caí na risada. Aquela cena foi cómica. Luan me olhava curioso não entendendo o motivo das minhas gargalhadas. 




- O que foi sua doida? - me empurrou de leve.

- Foi engraçado, você teve as suas amiguinhas de Sampa juntas te cobrando satisfações. A sua pica realmente é de ouro, com tanto homem no mundo e elas só querem você. - brinquei e ele me olhou segurando o riso.

- E você se acha a sortuda, a fodona, só porque esta pica de ouro é toda sua ultimamente. - sorriu sacana e me afastei um pouco. 

- Não posso reclamar. 

- Ai de você se tivesse alguma queixa. 

- Também não é isso tudo. - dei de ombros e ele me fuzilou. 




Corri escadas acima e ele veio atrás tentando me pegar, só me apanhou quando estava perto da cama, o que foi ótimo para ele. 




- Até onde sei você me quer só pra você, acho que sou isso tudo sim. - mordeu o meu pescoço e me prensou debaixo dele. 

- Você agora tem de marcar com elas para tirar o atraso de cada uma. - comentei e Luan me olhou.

- Você ainda não percebeu?

- Percebi o quê? - questionei confusa.

- Você ganhou, você conseguiu.

- Consegui o quê? - ele riu fraco e me olhou mais sério.

- Você tem a minha exclusividade. 





Acho que fui ao céu e voltei nesse momento. Não consegui esconder a minha alegria e acabei sorrindo mais do que devia. Luan riu do meu estado e selou os nossos lábios. 





- Isso é sério? - perguntei.

- Seríssimo. Parece que a minha pica não é a única coisa de ouro. - passou a mão na minha intimidade nua, pois eu só vestia a camiseta. 

- Então não vai rolar um ménage com a Tatiana? - perguntei brincando e ele cerrou o olhar para mim.

- Você ficou interessada? Posso abrir uma exceção se você quiser. - sorriu safado e ri.

- Lógico que não, só te quero pra mim.

- Que ótimo porque eu também te quero ter só pra mim. - me beijou com fogo enquanto subia a minha camiseta me deixando nua e exposta para ele fazer o que quisesse de mim. 




Luan abocanhou os meus seios e enrosquei os meus dedos em seu cabelo sedoso. Era tão bom transar com ele sabendo que era apenas meu, que mais ninguém iria tocar no seu corpo e usufruir do seu prazer. Tirei a sua camiseta e a cueca logo em seguida. Reunia alguma força e nos virei, ficando por cima. Sorri com isso e Luan riu. 




- Vai, rebola pra mim gostosa. - pediu dando um tapa na minha coxa. 




Me encaixei nele e cavalguei lentamente vendo o quão prazeroso era para ele. Luan fechava os olhos e mordia o lábio. Apalpou os meus seios e os endureceu me fazendo arfar. Ele estocou mais rápido e percebi o recado, comecei a cavalgar com mais força e, logo, estávamos nos desfazendo em gemidos e orgasmos intensos. 




***




Nos despedimos dos amigos de Luan e subimos para fazer as nossas malas, quer dizer, eu fazer as nossas malas, porque Luan não fazia nada, apenas ficava me observando zanzando no seu quarto. 




- Você poderia se mudar para aqui.

- Acho que já me mudei. - brinquei e ele riu.

- Não desse jeito, você pode trazer as suas roupas. - não vou mentir, fiquei surpresa, mas adorei a sua proposta.

- Você me quer assim tão junto de você? - provoquei e ele assentiu.

- Lógico, te ver nua enquanto escolhe uma roupa no closet seria maravilhoso. 

- Sabia que tinha segundas intenções.

- Estava brincando. - o encarei - Mas estou falando sério, vem para o meu quarto.

- Acho melhor não, deixa as coisas assim. - não queria estar indo rápido demais, o que nós tinhamos era apenas uma amizade colorida, transa sem compromisso, não queria estar dando um passo maior do que a perna. 

- Você é que sabe, terminou? - assenti e fechei as malas as colocando no chão. 

- O que você acha de eu ligar para o Noah? Ele não me voltou a ligar, não quero viver preocupada com ele de novo.

- Liga, assim você fica mais tranquila, vou pegar numa cerveja, me encontra no estúdio. - assenti e ele saiu. 




Arrumei algumas coisas e, só então, liguei para o meu irmão. Ele atendeu no último toque bem animado. 





- Você andou bebendo? - perguntei curiosa e bastante preocupada.

- Claro que não, apenas estou bem disposto, estou me sentindo super bem. - sorri pela sua animação, há muito tempo que não o via assim.

- Já voltou da viagem?

- Faz tempo, mas já estou em outra. 

- Mas você está trabalhando?

- Sim, essas viagens são de camião, ajudo um amigo transportando mercadorias. - disse vagamente.

- Hum, estou feliz de saber que você está bem.

- E você, está bem? O cantorzinho tem te tratado bem? 

- Sim, o Luan tem cuidado bem de mim.

- Espero que de um jeito profissional, não quero nem imaginar se ele te toca. 

- O que você faria? - perguntei para tentar saber.

- Quebrava aquela carinha dele. - disse cínico - Posso ficar tranquilo, né?

- Po-pode, cla-claro que você pode. - disse suspirando, esperava que ele mudasse de ideias. - Somos só amigos. 

- Hum, vou desligar irmãzinha, fica bem. - desligou rapidamente sem me deixar despedir. 




Encontrei Luan no estúdio, ele terminava algumas composições e me pediu para me sentar ao seu lado. 




- É música nova? 

- Não para mim, para uns artistas aí. - respondeu rabiscando algumas coisas. - Você já ouviu o meu novo álbum? 

- Só algumas músicas no show. - respondi e ele sorriu me dando um CD.

- Faz bom proveito. - acenou para um rádio que tinha ali ao lado de um sofázinho.




Fiquei bastante tempo escutando e Luan me olhava vez ou outra. 




- Terminou? - assenti - Qual a sua preferida? 

- Mesmo sem estar com a Sandy, mas amei com a Ivete e a Marília.

- Então vou colocá-la no repertório. - falou normalmente.

- Colocar o quê?

- A sua música preferida. - falou óbvio - Iria só colocar na próxima tour, mas quero que você a escute já. - sorri e me sentei em seu colo. 

- Você já canta uma que gosto também. Acordando o prédio. - rimos. 

- Que ótimo que você gosta, porque a gente acordou a casa, acordou o hotel e irá acordar muitos outros locais. - ri e o beijei. 




***





O fim de semana de shows foi o mais leve depois de mais de dois meses com Luan. Dormíamos em casa e só no dia do show viajávamos para a cidade onde ele iria se apresentar. 

Quando esses dias terminaram, fiquei livre para ligar a Teresa e marcar o nosso encontro aqui em casa. Era terça feira e Luan tinha ido na casa da mãe. Marquei um lanchinho hoje, seria bom revê-la depois de alguns dias. Avisei na portaria para liberarem a sua entrada mais tarde.

Luan chegou e trouxe comida da Mari, nos deliciamos durante o almoço, fazendo Elisa nos olhar brava. 




- Você pode fazer um bolo Elisa? - pedi.

- Tem preferência? 

- Hum... pode ser de cenoura e brigadeiro, já não como faz tempo. 

- Está na TPM? - Luan perguntou e neguei rindo.

- Não, só próxima semana. 

- Vou ser passivo na próxima semana então. - cerrei o olhar para ele.

- Como assim, passivo? - sussurrei e ele riu.

- Você não quer fazer sexo menstruada né? - neguei - Então você terá de me dar prazer, eu não irei fazer nada com você. - explicou e revirei os olhos.

- E não pode descansar o seu troféu? - perguntei e ele gargalhou.

- Ele se parar, morre, amor. - zoou e lhe bati no braço. 





Teresa avisou que já tinha chegado. Elisa terminava de arrumar a mesa da sala de jantar e Luan estava há horas no estúdio, disse que estava inspirado. Abri a porta e a abracei. 





- Sê bem-vinda. - ela olhava a casa toda se admirando por cada coisa.

- Que casa linda. - elogiou. 

- Eu vou chamar o Luan, quero que vocês se conheçam. 

- Leva o seu tempo, eu espero. Depois quero saber o que aconteceu nestes últimos dias. - assenti e saí. 





Luan sorriu quando me viu entrando e me puxou para o seu colo me abraçando. 




- Ainda bem que você chegou, estava ficando cansado. - beijou o meu ombro e acariciou as minhas costas levemente. 

- Vim te chamar para conhecer uma pessoa. - avisei e ele me olhou estranho.

- Que pessoa? 

- Vem e logo verá. - o puxei mas ele me fez parar.

- Você não me avisou que iria ter visita.

- Eu esqueci, desculpa. Tem problema?

- Não, mas não estou no clima de conhecer alguém. 

- Desculpem interromper... - Teresa apareceu e Luan ficou tenso.

- Que bom que você apareceu, vem conhecer o Luan. - a puxei para perto - Esta é a Teresa, a minha amiga. Teresa, este é o Luan, dispensa muitas apresentações. - sorri animada.

- É uma honra te conhecer, Luan. - o abraçou levemente e beijou o seu rosto. Luan nao retribuiu e isso me deixou um pouco intrigada. - Parece que a empregada quer falar com você Alexa, eu me ofereci para te chamar, desculpa andar pela casa assim. 

- Não tem problema, em breve você será de casa mesmo. - dei de ombros e saí os deixando sozinhos. 





Luan POV



Eu  não queria acreditar no que os meus olhos viam, Sandra estava bem na minha frente depois de dois anos. Ela estava em minha casa, ao meu lado, sendo amiguinha da garota que eu estou gostando. Isso era um pesadelo. Eu senti todas as más memórias voltarem e me atacar com força, como se o mundo não tivesse dó de mim. Eu me sentia uma merda, eu poderia colocá-la na rua, mas não tinha força para isso. Eu estava em choque, sabia que mais cedo ou mais tarde estaria frente a frente com ela, mas não esperava que fosse assim, em minha casa, onde me sinto protegido. 




- Olá meu amor. - disse cínica e fechou a porta. 

- Vai embora.-  grunhi e me afastei.

- Você sabe o quanto eu esperei por este reencontro? Eu sonhei cada dia com isto, em te ver novamente. Você continua lindo, tenho tanta saudade de você.

- O que você quer Sandra, ou será Teresa? 

- Não precisa se fingir de forte Luan, eu sei que você ainda tem medo de mim. - tocou o meu braço fazendo leves carinhos e tudo que eu sentia era raiva e vontade de sumir. - Eu se fosse você também teria. - riu. 

- Eu te odeio. 

- E me ama na mesma proporção. Você sabe o quanto me doeu ver as notícias de que você estava passando o rodo no Brasil, você sabe quantas ficantes suas eu desejei matar? Elas tinham o que é meu. E agora, a coitadinha da Alexa é quem está com você. 

- Você não vai fazer nada com ela. - disse com raiva. 

- Veremos, ela confia em mim. Ela gosta de você e sei que vocês transam bastante. Como você ficaria se eu te tirasse o seu brinquedinho? Você iria gostar?

- Para com essas ameaças, vai embora e me deixa em paz, Sandra. 

- Você me afastou uma vez, mas não conseguirá fazê-lo novamente. Gostou da surpresinha que eu preparei pra você, meu amor? Como é ver a sua ficante atual vestida o mais parecido possível com a sua ex e única mulher que amou? Aposto que você pensou em mim, não foi?

- Se você quer saber se brochei, não, não brochei. Nem pensei em você enquanto fazia sexo com a Alexa, a única que me interessa no momento. - deixei claro e Sandra tirou o sorrisinho do rosto.

- Que bom saber que continua em forma. - passeou os dedos no meu peitoral e suspirei irritado. - Fica calmo meu amorzinho, eu vim matar a saudade.

- Você é louca. 

- Por você, sempre fui.

- Mentirosa.-  xinguei e ela riu se virando de costas. De um momento para o outro o seu vestido estava no chão e ela estava completamente nua na minha frente.

- E agora, o que eu sou? - perguntou caminhando até mim novamente.

- Eu não te vou tocar, você não me agrada mais, só me dá nojo.

- Mentiroso, você me ama que eu sei. - abriu a minha camisa me deixando exposto, por que eu não tinha coragem para a parar. - Nem experimenta fazer alguma coisa, a minha mala está ali e você sabe que eu não saio de casa sem a minha fiel companheira. - avisou - Você é tão gostoso, meu amor. 

- Me larga.

- Shhh, me toca, me faz sua, lembra quando a gente se amava? Nossa, você era insaciável, não queria parar nunca, me fazia ter os melhores orgasmos, me pegava de um jeito que eu ficava derretida por você.

- Isso não te impediu de me magoar.

- Eu era e sou apaixonada pelo seu dinheiro, não na sua pegada. É fácil trocar uma coisa pela outra. - riu e beijou o meu peito me fazendo arrepiar, o meu corpo tremia de medo do que aquela maluca poderia fazer, ela não tinha limites, era obstinada e interesseira, acabou com a minha vida uma vez e parecia focada em fazer de novo. 





Ela continuava me provocando e tudo que eu queria era esganar o seu pescoço e matá-la, acabar com a pessoa que mais me assusta. Mas eu era um fraco, eu não tinha coragem de fazer isso, tinha medo dela, tinha receio que ela pudesse machucar a Alexa. 




- O que a sua garotinha acharia se te visse comendo a amiga dela? - perguntou - Vamos fazer gostoso meu amor, vamos nos amar? 

- Não. - disse relutante. 

- Não? Hum, quer ser castigado? - riu irónica, por que a Alexa tinha de lhe contar tudo? - Você quer que me ajoelhe e te mostre como o seu amigo tinha saudades minhas? A Alexa não iria se importar de partilhar, afinal ela tem sido a sua putinha para quando você tem vontade, mas além delas tem outras, ela não se importa mesmo né? 

- Você vai parar. - a encostei na parede irritado, ela tinha me levado ao limite. 

- Vou parar e você vai começar a fazer o seu serviço, se ajoelha e prova, sei que você está ansioso para isso, mata a sua saudade meu amor. - ela ria e isso fez o meu estômago se revirar. Eu não iria fazer nada com ela, não iria magoar a Alexa. 

- É só isso que você quer? -perguntei a presando na parede. 

- Aham. - disse num gemido e tocou os meus lábios mas virei um pouco o rosto. 

- E depois me deixa em paz pra sempre?

- Mais uns dez milhões na minha conta e...

- Eu já te dei cinco.

- E você acha que 5 milhões de reais na Europa vale muito? Não dá em nada. Eu quero sempre o melhor, você me conhece. Mas não fica por aí. 

- O que mais você quer? - incentivei nada amigável. 

- Você terá de maltratar a Alexa, quero vê-la na rua novamente, comendo o pão que o diabo amassou enquanto você continua comendo qualquer rabo de saia que te apareça na frente.

- Porquê isso? O dinheiro não chega?

- Não, eu só fico feliz com você perdido na vida Luan. Quero te ver perder a cabeça e expulsá-la de casa, dizer que ela não passou de mais uma e não serve mais pra te satisfazer. Eu não quero que você seja feliz comigo, até porque eu não te amo, mas também não quero que você seja feliz com outra. 

- Você só fica feliz acabando com a minha vida.

- Exatamente, quero te ver de rastos, sem saber o que fazer da sua vida, fingindo estar bem quando na verdade quer morrer. 

- Você é doente.

- Sou outras coisas também, porque você não me fode e sussurra no meu ouvido as coisas que você sussurrava antes, hein? - sorriu e neguei, eu não faria nada disso. 




Eu não iria maltratar Alexa, não iria estragar a vida dela como Sandra estragou a minha. Não iria ceder a nenhuma das suas condições. Se fosse para eu seguir infeliz e com a vida do avesso, eu iria seguir com Alexa do meu lado, ela não me faz sentir sozinho, não me faz lembrar do homem que eu era depois de Sandra, que procurava sexo para preencher um vazio. Alexa era a melhor coisa que eu tinha no momento e Sandra não iria acabar com isso. 

Ela me beijou aproveitando que eu estava distante em pensamento. Não queria retribuir mas ela me puxava para si como uma cobra quando quer matar as suas presas. 




- Luan? - Alexa falou com a voz falha atrás de mim. 

-  Alexa. - me afastei de Sandra que fazia uma cara de coitadinha. - Eu posso explicar.

- Você estava abusando da Teresa? - disse desiludida e já chorando - Como você foi capaz de usar a minha amiga? E a gente? Você disse que era só meu...

- Alexa não fala isso, eu posso explicar tudo. - me aproximei mas ela se afastou. 

- Não quero ouvir as suas mentiras. Você não poderia ter feito isso. Você não sabe manter as calças no lugar, seu safado, cafajeste, filho da puta...- me batia -  Eu estava me apaixonando por você seu cachorro. 

- Desculpa, Alexa. Eu não queria, ele veio pra cima de mim e me prendeu, eu não tive forças para fugir. - Tere... Sandra choramingou se vestindo rapidamente - Eu vou embora, me desculpe amiga.

- Você não tem culpa, ele é que é um safado que não sabe respeitar uma mulher. Eu te odeio. - Alexa gritou bem na minha cara - Me leva com você, Teresa. 

- Não, não vá. - disse vendo elas correndo de minha casa - Ela é a porra da minha ex. - gritei em vão, pois já ninguém me ouvia. 




Sandra conseguiu acabar com a minha vida mais uma vez. Ela fez de mim a peça do seu jogo, mais uma vez. Eu estava destruído, mais uma vez. Mas ela pagaria tudo que não pagou pela última vez e desta.  





OOPS, DEU MERDA! Se vocês não comentam em peso neste EU JURO que faço greve de capítulos. Esse merece hein? É enorme e cheio de babados, vá mexam esses dedos e comentem.