sábado, 14 de janeiro de 2017

16 - Namorados




- Como foi isso? - Alexa perguntou deixando-me um pouco confuso - Como a gente começou a namorar? Eu me apaixonei por você?





Ri fraco com a sua curiosidade. Ela confessou que estava se apaixonando por mim antes de virar costas e sair de casa, eu não me iria esquecer disso nunca.





- Sim, você se apaixonou por mim, também não é muito difícil, né? - brinquei e ela riu.

- E você? Se apaixonou por mim? - perguntou me encarando. Olhei Bruna e ela me lançou um olhar desafiador, ela não estava nada de acordo com a minha mentira, mas eu sei o que estou fazendo.

- Você ainda tem dúvida? Lógico que sim. - sorri enquanto acariciava a sua mão.

- Eu ainda não acredito, como assim o Luan Santana se apaixona por uma garota anónima que encontrou na rua?

- Eu sou um ser humano, Alexa. - me justifiquei - E você tem um jeito que me encantou, não posso fazer nada para reverter a situação. - ela gargalhou. - Mas o que você acha disso? Mesmo sem lembrar, você quer me namorar?

- Eu acho que sim. Mas vamos com calma, tá? - sorri assentindo. - A gente tem fotos? Você poderia me mostrar, o doutor disse que pode me ajudar a lembrar...





Respirei fundo e olhei Bruna, ela me olhava como se me dissesse "E agora? Se ferrou!".





- A gente não tem muitas, mas eu vou te mostrar as poucas que tenho, tudo bem? - ela assentiu. - Eu esqueci o celular hoje, mas a Bruna vai trazer mais tarde.

- Tudo bem. Você pode me falar do Noah? Eu só lembro de estar fugindo dele... - lamentou.

- Então, vocês chegaram a se encontrar outra vez e não correu muito bem, mas eu estava lá e você não saiu magoada. Depois vocês só se falavam pelo celular, você me contou que ele estava trabalhando com um amigo e, para isso, precisa viajar pelo país.

- Então ele tomou jeito?

- Mais ou menos, mas você ficava sempre melhor depois de falar com ele.

- Ele sabe da gente? - perguntou aflita.

- Não, poucas pessoas sabem, ainda é algo que eu quero manter secreto, me entende?

- Também prefiro assim. Será que eu posso ligar para o meu irmão?

- Você perdeu o celular no acidente. - contei - Mas eu vou ver o que posso fazer para recuperar as suas coisas.

- Obrigada. - sorriu fechado observando o meu rosto e, em seguida, encarou Bruna. - Desculpa não me lembrar mesmo de você. Mas tenho certeza que iremos ter novas memórias.

- Não tem problema, eu entendo. - a minha irmã se levantou e se aproximou - E você ainda pode lembrar, então, eu vou esperar. Luan, eu vou indo, você vai ficar né?

- Sim, eu vou ficar aqui. Pode me trazer algumas roupas? Eu só viajo daqui a três dias.

- Claro que sim. Vou avisar os nossos pais também.





Bruna saiu e me lembrei que precisava da ajuda dela. Deixei Alexa por um momento sozinha e fui até à minha irmã, encontrando-a na porta do quarto.





- Bubu, por favor, liga para o Testa e pede para ele editar e me mandar as fotos que ele tirava de mim e da Alexa no camarim ou nos bastidores dos shows, por favor. Não são muitas, mas eu acho que ele tem algumas.

- Você tem certeza que a enganando é o melhor? E quando ela lembrar de tudo e ver que vocês não namoram coisa nenhuma?

- Bubu, se isso acontecer eu irei explicar, mas eu só estou torcendo para que ela esqueça os últimos acontecimentos, não quero que ela lembre que me odiava.

- Tudo bem, eu só não acho certo. Eu vou falar com o Rober.

- E pede à Elisa para levar as roupas dela para o meu closet.

- Isso já não é demais? - perguntou preocupada.

- Não, ela tem de acreditar que a gente estava realmente junto quando voltar pra casa.





Voltei para o quarto e a enfermeira chegou logo em seguida. Levou Alexa para o banho e aproveitei para colocar o meu celular em silêncio, não queria que Alexa percebesse que menti, apenas não me queria explicar sobre não ter fotos nossas no meu celular.

Quando ela saiu do banho, disse que se sentia uma nova pessoa. Voltou para a cama e me ofereci para lhe dar de comer, fazendo a enfermeira sair do quarto. Era bom estar a sós com ela.





- Você gostou do meu novo penteado? - me questionou brincando e ri.

- Você continua linda, e o seu cabelo vai crescer de novo, não se preocupa.

- Você gosta de mim assim?

- Gosto de você de todas as maneiras e feitios. - garanti e ela acariciou o meu rosto enquanto lhe dava a sopa.





Quando terminou de comer, arrumei as coisas para um canto do quarto e a aconcheguei na cama, me deitando a seu lado. Liguei a TV e ficamos assistindo por um tempo.





- Luan? - me chamou e a olhei vendo que ela estava curiosa sobre algo.

- Diz, amor. - ela sorriu e acabei sorrindo também.

- Como eu tive o acidente? Eu não lembro de ter carteira de motorista. Eu estava sozinha?

- Não, você não estava sozinha. Você... - suspirei pensando numa mentira boa para lhe contar - Estava com um motorista da minha empresa. Ele iria te levar no shopping.

- Ele está bem?

- Está, ele está bem.

- Ainda bem.





Ela se ajeitou no meu peito e me abraçou de lado. Percebi que estava meio sonolenta e comecei fazendo cafuné.





- Luan... - me chamou de novo - A gente já... - me encarou receosa - A gente...

- A gente o quê? Se a gente já transou? Já, muitas vezes. - ri e ela escondeu o rosto no meu peito.

- Não estava falando disso. - ficou séria novamente - A gente já... - limpou a garganta - A gente já disse "eu te amo"? - acabei sorrindo com o jeitinho envergonhado dela.

- Não, e ainda é cedo para isso. A gente só namorava há duas semanas antes do acidente.

- Agora namoramos há um mês e duas semanas. - disse e assenti fazendo valer a minha mentira. - Eu quero que você me ajude a recuperar a memória. Você vai me ajudar, né?

- Eu vou fazer de tudo para isso. - beijei o topo da sua cabeça.

- Eu quero saber como é estar apaixonada por você, deve ser bom se apaixonar por alguém tão gentil e encantadora como você.

- Você que é tudo isso.

- Estou louca para sair daqui. - reclamou e ri.

- Ainda vai demorar um pouquinho, você tem de tirar o gesso da perna e fazer a fisioterapia para recuperar os movimentos.

- Eu sei, quando eu sair daqui, você me leva num show seu?

- É a primeira coisa que você quer fazer? - perguntei surpreso.

- Sim, quero te ver no palco, cantando. - sorriu tímida e tomei a iniciativa para a beijar.





Fui aproximando nossos rostos e consequentemente as nossas bocas, mas quando as nossas respirações se fundiram, Alexa se afastou.






- Desculpa. Eu não sei se...

- Fala, você não precisa ter vergonha de mim. - fiz carinho em sua bochecha.

- Eu não sei se me sinto preparada para esses afetos.

- Você quer tentar? Só um selinho? - sugeri e ela me olhou e assentiu fechando os olhos, era a coisa mais fofa do mundo.





Voltei a me aproximar e selei os seus lábios, mas eu sendo eu mesmo, teria de ir além. Então, comecei aprofundando o selinho, tornando-o num beijo. Alexa agarrou o meu braço forte, mas não parei, só eu sei quanta saudade sentia dela.





- Você disse que era só um selinho. - me jogou à cara quando parei.

- Desculpa, eu não resisti. - ri fraco.

- Eu gostei. - admitiu e voltei a beijá-la novamente.





***





Já era noite, quando Bruna trouxe a minha mala com algumas roupas. Acabei jantando com Alexa no quarto. Agora os meus dias seriam assim, eu não iria sair de perto dela tão facilmente.




- A mãe disse que amanhã vem aqui visitá-la. - informou e assenti.

- Obrigado por estar me ajudando.

- A mãe vai querer te bater, você sabe disso, não sabe? Eu lhe contei sobre o seu plano e ela disse que você estava doido.

- Eu depois me resolvo com ela.





Quando entrei no quarto ela sorriu enquanto me via arrumando a minha mala. Durante a tarde, Alexa adormeceu e aproveitei para ver as fotos que Rober me mandou. Teria de inventar uma história para algumas delas. Mas Alexa, talvez, nem fosse me questionar tanto.





- Ela trouxe o seu celular? Posso ver as fotos? - perguntou curiosa.

- Claro. - me sentei ao seu lado e comecei lhe mostrando, algumas a gente estava na van, eu deitado no ombro dela como quase sempre acontecia depois de um show. Outras a gente estava se olhando no camarim enquanto ria de alguma coisa, ou então estávamos conversando, ou bebendo algo, no bar do hotel no final da noite. Até para mim eram novidade, mas Rober merecia um presente por estar sempre com a máquina ao pescoço e fotografar momentos como estes.

- A gente não tem nenhuma mais caseirinha? - me olhou confusa - Nós não tirávamos fotos a nós mesmos?

- Ah, essas ficaram no seu celular e como ele se perdeu, não tenho como te mostrar.

- Tomara que você consiga recuperar tudo.

- Mas enquanto isso, vamos fazer novas memórias. Chega mais, vamos tirar a nossa primeira foto depois de você voltar para mim.




***



A minha mãe apareceu no dia seguinte pela manhã. Me deu um sermão por estar enganando a Alexa, mas lhe expliquei que eu estava certo do que estava fazendo. Ela me contou que Sandra já estava totalmente recuperada e que a segurança voltou a ser reforçada, pois não sabíamos até que ponto ela ainda iria.

Só de imaginar Sandra e Alexa juntas, de novo, me dava arrepios, eu tinha de a proteger disso, mesmo que tivesse de mentir.





- Ela já acordou? - me perguntou, conversávamos no corredor.

- Ainda não, mas já já ela acorda, a senhora quer vê-la?

- Quero.





A levei até Alexa, que acordou segundos depois. Ela não se lembrava da minha mãe, como esperado, mas isso não fez D. Marizete desistir e, começou lhe contando, histórias de quando eu era criança.




- Mãe, não precisa disso tudo. - reclamei.

- Claro que precisa, se vocês namoram, ela tem de saber essas coisas. Não é, Alexa?

- Concordo, pode me contar mais D. Mari.

- Amor mas você precisa descansar. - tentei convencê-la.

- Nisso ele tem razão. - mamusca falou - Eu vou indo, depois eu volto viu mocinha. - abraçou a minha ruiva e se despediu de mim em seguida.

- A sua mãe é um amor. - Alexa comentou e a beijei.

- Estava precisando disto para começar o dia melhor. - falei e ela riu, me puxando para outro beijo.




Queria que estes momentos perdurassem. Ela não precisava de lembrar de tudo, não precisava de saber que a gente era só ficante. Verdade seja dita, nós estávamos bem mais felizes agora, como namorados, nos conhecendo novamente, nos tornando cúmplices e íntimos.


Os meus dias de shows chegaram e tive de viajar. Avisei o médico para me ligar assim que houvesse algumas mudanças no quadro dela. Mas os dias se passaram e ela continuava sem lembrar de nada. Arleyde já sabia do ocorrido e estava pronta para esclarecer alguns boatos que surgiam sobre o nosso possível namoro. Pedi para não confirmar ainda, mas também para não negar, apenas dizer que nos estamos conhecendo melhor.


Quando cheguei no hospital depois de quatro dias viajando, encontrei Alexa na sala da fisioterapia andando devagar. Ela tinha ótimos progressos desde que começou há dois dias e, talvez, a sua alta estivesse mais próxima do que esperado.




- Olá. - ela disse quando me viu ali.

- Olá. Como você está se sentindo? - beijei o seu rosto de leve.

- Melhor. A sua irmã e a sua mãe vieram me ver sempre. Adorei ter a companhia delas.

- E eu quero é ter a sua. - comentei.

- O médico disse que eu já poderia ir pra casa nos próximos dias.

- Você já não está tomando soro, nem nada disso né? Então qual o problema de você ir mais cedo pra casa? Eu posso pagar para irem fazer as sessões de fisioterapia lá em casa, você nem precisava sair.

- Eu iria agradecer imenso se você conseguisse convencer o doutor a isso.

- Pode me agradecer agora, porque eu vou conseguir. - a beijei lentamente.




Como esperado, o doutor aceitou as minhas sugestões e tratou de tudo para ela ter o acompanhamento necessário em casa.


Abri a porta de minha casa e ela entrou sorrindo. Observou cada canto como se fosse a primeira vez ali.




- Tinha saudades de estar aqui. - confessou e a abracei por trás.

- Você terá muito tempo para matar essa saudade. Agora, vamos para a cozinha que a Elisa preparou um almoço especial.

- Quem é a Elisa? - perguntou.

- A minha empregada, mas é quase uma mãe.




Elisa ficou emocionada quando a viu, fazendo Alexa ficar sem jeito. A minha ruiva comeu demais, dizendo que a comida do hospital era sem sabor.





- Mais logo vou fazer um bolo para a menina.

- Obrigada Elisa. - sorriu me olhando - Posso conhecer o seu quarto agora?





Assenti me lembrando que ela só entrou no meu quarto alguns dias depois da gente transar a primeira vez, antes disso ela não o conhecia.





- Será um gosto te mostrar de novo. - abri a porta e lhe dei passagem. - As suas roupas estão aqui, a gente já estava junto até nisso.





Ela ficou zanzando pelo cómodo um pouco e voltou para perto de mim. Me puxou para a cama e me fez deitar, ficando deitada em meu peito.





- Eu nem acredito que você está aqui comigo, depois de tanto tempo em coma.

- Você sentiu a minha falta?

- Muita. - admiti - Eu só tinha vontade de te abanar e te obrigar a acordar, era um desespero chegar no hospital e te ver como no dia anterior.

- Mas agora eu voltei, você pode matar essa saudade.

- Ainda não acho que você possa suportar isso.

- Suportar o quê? - me olhou confusa.

- Uma noite de amor. - falei e sorri, era bom dizer noite de amor e não noite de sexo. Noite de amor fazia com que ela fosse mais minha.

- Você quer uma noite inteira? - me questionou surpresa.

- Sou insaciável, aliás, somos. - a abracei.

- Podemos tentar, mas você tem de ser cuidadoso.





Arregalei os olhos a observando, ela estava mesmo me dando autorização para fazer o que quiser dela durante a noite?





- Você tem certeza?

- Tenho, eu acho que isso vai me ajudar a me sentir mais próxima de você.

- Eu te amo, sabia? - selei os seus lábios e ela me parou. - O que foi?

- Você... você falou... - me olhava emocionada e riu em seguida me abraçando.

- Falei o quê? - perguntei ainda perdido.

- Você disse "eu te amo, sabia?".

- Eu disse, foi? - ela assentiu - Então é porque é verdade, talvez eu te ame mesmo.

- Obrigada por me amar, eu prometo te amar de volta. Só me espera. - assenti e nos virei na cama.




Ela seria minha não só durante a noite, mas também o resto da tarde.


1 comentário:

  1. Que lindooos! Luan tem que contar a vdd pra ela pq se n vai ser pior quando ela lembrar de tudo!

    ResponderEliminar