terça-feira, 17 de janeiro de 2017

17 - Visitas & Carinho



Acabámos por adormecer quase a tarde toda. Depois de Alexa confiar em mim para lhe dar boas sensações, eu estava me sentindo nas nuvens. Mas ainda era insuficiente, para mim. Eu precisava de mais dela, mas deixaria para mais logo. Lembrei que Elisa iria preparar um bolo para Alexa e não queria que ela perdesse esse mimo.




- Vamos acordar? - perguntei acariciando o seu cabelo - Amor? - chamei distribuindo beijos em todo o seu rosto.

- Hum... - murmurou e foi abrindo os olhos lentamente. - Onde eu estou?

- Em casa, no meu... nosso quarto. - expliquei e ela me encarou pensativa.

- Claro. - respirou aliviada - Nossa, eu pensava que estava sonhando. - riu fraco.

- Um sonho bom, espero. - beijei a sua testa e ela assentiu - Vamos descer? Temos um bolo para atacar.

- A Elisa fez para mim, então eu vou comê-lo todo. - brincou e subi em cima dela.

- Sério isso? Você vai me negar o seu bolo? - sorri com segundas intenções e ela revirou os olhos.

- Tinha esquecido como você é safado assim. - ri e a ajudei a levantar.





Depois de vestidos, saímos calmamente do quarto. Alexa ainda tinha alguma dificuldade em andar, por causa da perna que quebrou, mas aos poucos ela conseguia.





- Eu te ajudo. - disse e peguei nela no colo.

- Luan. - gritou surpresa e ri beijando a sua bochecha.





Quando chegámos na sala entre risos e beijos, fomos surpreendidos com visitas inesperadas. Rober estava acompanhado de alguns homens, nunca os tinha visto na vida, mas sabia que não era boa coisa. Coloquei Alexa no sofá e garanti a sua comodidade com algumas almofadas.





- Você está bem? - perguntei e ela assentiu me deixando mais tranquilo.

- Menino Luan... - Elisa apareceu um pouco receosa e a encarei - Posso servir o café da tarde?

- Claro, serve já para a Alexa, eu já venho. - sorri-lhe para a despreocupar de qualquer coisa que possa estar a incomodando.





Me virei para os homens e o meu amigo que esperavam ali e fui até eles.





- Luan, talvez seja melhor ir para o estúdio. - Rober me avisou.

- Tá, mas quem são? - perguntei confuso.

- Dois investigadores da polícia, - cerrei o meu olhar para eles confuso, o que eles querem comigo?

- Boa tarde. - cumprimentei-os.

- Boa tarde, senhor Luan, será possível um minuto de privacidade?

- Claro, me sigam.





Segui até ao salão dos fundos, não queria levar desconhecidos para o meu estúdio, o meu espaço, que eu considero de outro mundo, pelo simples fato de me fazer sonhar e criar imensas histórias que viram música.





- Vocês aceitam um café, uma água, suco....

- Não, estamos bem. - um deles respondeu e se sentaram no sofá.

- Então o que vocês pretendem comigo?

- Não é bem com você, é com a menina que estava com você.

- A Alexa? O que tem ela?

- Bem, no dia do acidente, nós fomos ao local e fizemos uma análise do caso.

- Como assim foram ao local? Pensei que era um simples acidente... - falei cada vez mais curioso.

- Desconfiamos que não. Testemunhas garantiram que a condutora, a senhora Sandra Barros, provocou o acidente...

- Que provas vocês têm disso? - perguntei e Rober me olhava atento.

- Não havia obstáculos que pudessem a distrair ou impossibilitar de seguir em frente, não havia derrapagens na estrada, e o carro não perdeu o freio. E quem vinha do lado oposto viu ela virando para a ribanceira. Além de outros fatos, mas com esses podemos concluir que ela jogou o carro de propósito.

- Por que ela faria isso? - perguntei me levantando.

- Isso é o que queremos saber, mas para isso precisamos falar com a senhora Alexa. E claro, com você, até onde sabemos você teve uma relação com a Sandra Barros.




Respirei fundo e Rober se levantou vindo ao meu encontro.




- Cara, eles apareceram lá no escritório e falaram dessas suspeitas, eu acho que pode ser uma forma dela ter o que merece. A Sandra tem de ser presa, você tem uma história com ela e pode ajudar nisso. - falava num sussurro.

- E se ela consegue dar a volta como sempre, Rober? Aquela mulher é uma cobra, ela parece estar sempre um passo à frente...

- Eu sei, mas nós sozinhos não vamos conseguir fazer nada e ela vai continuar te rondando esperando o momento certo para atacar, e desta vez pode ser bem pior. - suspirou e passei a mão em meus cabelos.





Por um lado, Rober tinha razão, mas eu não queria dar mais asas a essa história. Sandra morreu para mim há alguns anos atrás, mas sei que quando menos esperar ela pode aparecer de novo.





- Tudo bem. - falei para os policiais - Vocês podem falar comigo, mas com a Alexa não. Ela perdeu a memória e ainda não lembrou de nada, não vou permitir que a pressionem. - falei sério.

- Claro, nós entendemos e respeitamos isso, mas se ela lembrar de algo, por favor, nos avise. - deu-me um cartão e assenti. - Será que podemos falar agora, ou melhor marcar outro dia?

- Acho que é melhor outro dia, hoje é o primeiro dia da Alexa em casa e eu quero estar com ela. Se não se importam, marquem uma hora com o meu assistente, terei o prazer de vos esclarecer tudo.





Depois deles irem embora, Rober ainda ficou um pouco. Alexa comia o bolo animada, dizia estar uma delícia e se serviu de mais um pedaço.





- Trouxe uma coisa para você. - Rober disse e foi rápido ao carro.

- O que será? - ela me perguntou e sorri de canto.

- Espera para ver. - pisquei o olho e lhe roubei um bocado de bolo.

- Tem um monte ali. - disse indignada apontando para o prato do bolo.

- Eu sei, mas roubar de você é mais gostoso. - ri e Rober voltou com um saquinho, eu sabia o que era, tinha pedido que Rober comprasse um celular para ela e conseguisse uma segunda via do seu cartão, mas que apagasse o contato de Teresa, ou Sandra, ou o que seja.

- Um novo brinquedinho para você.

- Um celular? - Alexa perguntou empolgada e Testa assentiu. - Obrigada, eu estava querendo mesmo, preciso falar com o Hugo. - me olhou - Obrigada.

- De nada, depois você fala com o seu irmão, tudo bem? Agora vamos devorar este bolo delicioso.





***




- Quem eram aqueles homens, mais cedo? - me perguntei assim que saiu do banho, eu já esperava na cama.

- Ah, ninguém de importante.

- Não me pareceu ninguém de importante. Você pode confiar em mim. - se aproximou se sentando a meu lado.

- Eu sei, mas não se preocupa, eles só queriam conversar umas coisas do escritório.

- Tudo bem. Vamos dormir?

- Dormir? - indaguei incrédulo - Nãooooo.... - disse manhoso - Vamos namorar.

- Namorar? Você acabou comigo de tarde. - riu tímida.

- Eu disse que era insaciável, mas se você está cansada, eu deixo passar. - fiz graça.

- Eu tomei os remédios e eles estão me dando sono, é só isso, senão... - desviou o olhar envergonhada e a fiz se virar de novo para mim.

- Senão o quê?

- Senão eu queria, eu queria te sentir de novo. - confessou e ri a beijando lentamente.

- Mas você tem razão, precisa descansar e se está com sono, não serei eu a tirá-lo de você.

- Você é fofo, nunca pensei que você pudesse ser assim. - disse se aconchegando na cama.




Tive de rir com o seu comentário. Ela sempre disse que eu era fofo, mesmo que eu negasse. Mas naquela época eu não era fofo, apenas queria ser mais simpático para ela do que era para as outras. Ela merecia a minha gentileza. Agora, ela tem razão, estou sendo fofo, tudo isso porque estou me apaixonando por ela. Estou me permitindo sentir de novo algo que só senti uma vez, só espero que desta vez tenha um final feliz.


Rober tinha marcado com os policias no dia seguinte. Me encontrei com eles no escritório e deixei Alexa em casa vendo um filme, prometendo não demorar.




- Vai lá, Luan, está na hora de abrir o jogo e contar tudo que aconteceu. - disse para mim mesmo e entrei na sala onde os policias me esperavam.




Contei tudo que aconteceu e os motivos para não ter denunciado na época. Contei também da situação recente e de tudo que vi enquanto as seguia.




- Você acha que ela te viu seguindo o carro dela e quis provocar um acidente? - o policial, que descobri se chamar de Álvaro, perguntou me fazendo pensar. Nunca tinha suposto essa hipótese.

- Nunca pensei nisso, mas acho que não, eu ia um pouco afastado... mas é como lhe disse, eu também não vi nada externo que pudesse ter provocado o acidente, me pareceu de propósito.

- Você quer abrir uma queixa-crime contra essa mulher? - o outro policial, Raúl, perguntou e encarei o meu pai e Rober que me acompanhavam naquela reunião. - Dessa forma teremos mais motivos para a incriminar, sem contar que a pena dela sobe.

- Eu não sei, eu tenho medo pela Alexa. Não quero que elas se encontrem de novo, a não ser que a Alexa se lembre, mas enquanto isso prefiro manter as coisas como estão.

- Tudo bem, se mudar de ideia... - assenti sabendo o que deveria fazer - Nós vamos continuar com a investigação, ainda não encontramos a senhora Sandra, desconfiamos que está fora do país.

- Os pais dela moram na Alemanha. - disse.

- Bem, iremos fazer os possíveis para que tudo termine bem.

- Obrigado. - agradeci aos policiais e aceitei o copo de água com açúcar que o Rober me deu.

- Isso vai acabar, boi. Não se preocupa não.

- Eu só acho que poderia ter evitado tudo isso. - encarei o chão - Se eu tivesse denunciado tudo anos atrás, talvez ela estivesse presa pagando pelos seus erros e não tinha chegado perto da Alexa para me atingir de novo.

- Ela voltou com o mesmo método, da última vez usou a Bruna. - o meu pai comenta.

- É, não posso deixar que ela continue me destruindo.

- Agora vai pra casa, a ruiva está te esperando. - Testa brinca e rio fraco.





Encontrei Alexa mexendo no celular e se assustou quando me viu.





- Oi.

- Oi. - selou os meus lábios desligando o celular - Correu tudo bem?

- Aham, o que você acha dos meus pais virem cá jantar hoje?

- Ótimo, vai ser bom tê-los aqui. - assenti e pedi que Elisa preparasse o jantar.

- Falou com o seu irmão?

- Sim, mais cedo. Ele me parece bem, é até estranho vê-lo animado e me tratando bem.

- As pessoas mudam. - disse e ela assentiu.

- Espero que seja o caso dele.




***



Amanhã viajaria para o Rio de Janeiro e Alexa iria comigo. Ela tinha pedido para a levar num show meu e, depois dela sair do hospital há quatro dias, esse seria o primeiro destino dela, seria a primeira vez que sairia de casa também.

Com a ajuda dela, fiz as nossas malas, era a vez dela se aproveitar de mim para tudo, já que eu não queria que ela se cansasse. Estes dias, a fisioterapeuta vinha sempre de manhã e fazia uma sessão com Alexa. Quando a gente voltasse ela iniciaria um tratamento na piscina, e eu confesso que estava ansioso para a ver de biquíni. Sim, eu sei que já a vi de lingerie e nua, mas quero vê-la de biquíni também.





- O que você tanto mexe nesse celular? - perguntei, pois ela não desgrudava do aparelho - Não está falando com nenhum marmanjo né? - ela riu e largou-o.

- Não, ainda há pouco descobri que tenho namorado e você acha que já estava te trocando? - brincou e dei de ombros. - Bobinho, claro que não. - me puxou para perto dela.

- Então o que tem esse negócio que tanto te interessa?

- Você está com ciúme de um celular Luan?

- Não é do celular, é o que ele tem. - rebati e ela riu fraco.

- Nada demais, estava jogando. - a encarei por segundos e ela me beijou.

- Se arruma, a gente vai jantar fora.

- Onde vamos?

- Num restaurante. - disse vagamente e ela semicerrou o olhar para mim.

- A gente já foi nele? Faz parte das minhas memórias perdidas?

- Eu adoraria te levar em um restaurante que a gente, realmente, foi. Mas... - suspirei - Ele não traz boas memórias para mim, então vamos fazer novas memórias para ambos. - sorri fraco.




Eu gostei daquela noite, mas eu lembro que vi a Sandra lá depois de Alexa me ter contado que encontrou a amiguinha. Eu não iria levá-la num lugar onde ela poderia lembrar da amiga, isso nunca.




- Toma banho comigo? - pediu e sorri para ela.

- Precisa pedir, isso deveria ser algo obrigatório. - fiz graça e a peguei no colo.

- Eu consigo andar, você está me tratando como uma bebé.

- Você é, a minha bebé. - beijei a ponta do seu nariz e ela me abraçou.




Esta mulher iria me deixar louco.





Desculpem se não está grande coisa, aqui está tanto frio que até a inspiração e as ideias congelam kkkkk 

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