domingo, 12 de fevereiro de 2017

23 - Brigas & Reencontros



Eu sabia que depois do casamento muitas coisas mudavam, mas dependia do casal, poderia mudar para bem ou para mal. Eu queria ser desses casais que vivem uma lua de mel nos primeiros tempos, mas as coisas se revelaram um pouco diferentes...



Sabem quando vocês dão tudo de vocês a uma pessoa, mas não recebem o retorno? Sabem quando vocês cuidam de alguém com tanto amor e carinho, mas se sentem cada vez mais distantes dessa pessoa? Sabem quando dizem um "eu te amo" com sentimento e recebem um "eu te amo" fingido? 

Pois é, foi tudo isso que eu passei nos últimos meses com Alexa. Ela não me esperava mais para dormir, ela não me beijava mais quando eu chegava das viagens em que ela não ia, ela não me perguntava se eu estava bem, ela não queria mais saber tanto de mim como antes. Ela recebia os meus carinhos, mas não retribuía, a cada dia se distanciava mais de mim. Quando me dizia "eu te amo", era por obrigação.

Não sei se fiz algo de errado. Eu continuei sendo eu mesmo, cuidando e amando-a como sempre. A pior das ideias que me passava pela cabeça era ela ter lembrado de tudo e estar se vingando de mim. Mas qual seria o final disso? O nosso divórcio? Preferia que ela fosse direta comigo então, ao invés de me fazer sofrer a cada dia.

Alexa tinha ficado este fim de semana em casa. ela dizia que queria fazer outra coisa e desistir do cargo de minha assistente, então viajava cada vez menos comigo. Cheguei em casa na terça-feira ansioso para que Alexa voltasse a ser como antes e me recebesse com um abraço e um beijo.

Abri a porta de casa e estava tudo em silêncio. Entrei para a sala e Alexa vinha da cozinha.





- Oi amor. - me aproximei e quando me inclinei para lhe dar um beijo, ela se afastou fingindo que não se apercebeu.

- Oi. - respondeu curta e se sentou no sofá ligando a TV. Suspirei e me sentei na ponta do sofá completamente derrotado.

- O que eu fiz? - perguntei farto de ser tratado friamente.





Alexa me olhou confusa. E me arrastei até ao seu lado. Eu estava disposto a esclarecer tudo e perceber a sua mudança. Eu estava disposto a colocar estes últimos meses para trás das costas e recomeçar. Mas não dependia só de mim.





- Do que você está falando? - perguntou despreocupada.

- Da gente, do jeito que você me trata, da sua indiferença...

- Te trato igual. - rebateu e ri sem humor.

- Eu acabei de chegar de uma viagem de quatro dias, só nos falamos duas vezes pelo telefone e foi rápido, aí eu chego em casa e você nem um beijo ou um abraço me dá. O que está acontecendo com você?

- Não está acontecendo nada, você que anda stressado demais. - a encarei incrédulo.

- Por que será? Quando foi a última vez que a gente fez amor? - perguntei impaciente.

- Semana passada, não faz tanto tempo assim. - respondeu fria e eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo comigo, cadê aquela garota carinhosa e encantadora por que me apaixonei?

- Você acha isso normal? A gente fazia quase todos os dias, e agora parecemos um casal de velhos que só faz vez ou outra, ou nem faz... - me levantei e comecei andando pela sala.

- Problema seu, eu estou bem assim.

- Você quer o divórcio, é isso? - perguntei de uma vez e ela me olhou.

- Você quer? - devolveu a pergunta.

- Responda você, não sou eu que estou te tratando como se você fosse nada, como se não te amasse mais, como se o nosso casamento tivesse sido um erro.

- Talvez tenha sido, eu disse que era cedo demais,

- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo. - lamentei. - Você está arrependida, é isso? Descobriu que não me ama de verdade e está se afastando?

- Você está ficando paranóico. - revirou os olhos.





Respirei fundo procurando coragem para lhe fazer a temida pergunta. Se ela dissesse "sim", muita coisa iria mudar.





- Você teve alguma memória? Por isso está assim, parecendo que me odeia?

- Porquê? Há alguma memória que me fará te odiar?

- Responde à minha pergunta. - insisti.

- Não, não lembrei de nada. - respirei aliviado - Agora responde a minha.

- Não, nada te fará me odiar. - menti e me sentei novamente no sofá.





Ficamos longos minutos assim, apenas com o barulho da TV de fundo. Observei o perfil de Alexa e cada vez via menos dela ali. Parecia que tinha sido substituída por outra pessoa, uma completa desconhecida.






- Você já pensou se quer estudar, se quer trabalhar com outra coisa? - puxei assunto para quebrar um pouco o clima.

- Sim, quero fazer teatro, acho que poderei ser ótima atuando.

- Amanhã podemos ir ver escolas ou isso...

- Não, eu mesma vou, não preciso de você.

- Só te queria levar, não usar o meu nome para alguma coisa. - me defendi, e aquele "não preciso de você" me machucou e não foi pouco.

- Eu sei, mas mesmo assim, prefiro ir sozinha.

- Tudo bem.






Subi para o quarto e tomei um banho relaxante, mas não fez efeito nenhum, pois continuava nervoso e chateado. Me vesti a fim de sair, não sei onde irei, mas não estou com paciência para ficar em casa.

Desci para a sala e Alexa continuava ali, mexendo no celular. O fim do dia estava chegando e as minhas esperanças de reconciliação estavam indo junto com ele.






- Vou sair, volto mais logo. - avisei e ela nem perguntou nada, nem tentou me impedir, ou sequer se despediu.






Dirigi por São Paulo durante longos minutos sem saber para onde ir. Só sabia que queria beber para esquecer um pouco. Conhecia um lugar legal e que frequentava bastante antes, aliás, foi onde conheci a maioria das minhas peguetes. Foi para lá mesmo que eu segui.

Pedi uma bebida forte e senti-a queimar pela minha garganta quando dei o primeiro gole. Eu não estou acostumado a beber, gosto de cerveja e vinho, mas bebidas espirituosas não são muito a minha praia. Mas agora era disso que precisava.

Já ia na terceira bebida, quando um perfume adocicada invade as minhas narinas. Eu conhecia aquele perfume e quando olhei para o meu lado tive a certeza disso.






- Tatiana. - disse surpreso ou nem tanto, ela adorava este bar situado num hotel rico.

- Sr. Casado. - falou brincando e cerrei o olhar para ela. - Qual é? Você pode não ter assumido para a imprensa mas a aliança vistosa no seu dedo não mente. - sorriu esperta e retribuí. - Não contarei a ninguém, você sabe que pode confiar em mim.

- Será que posso? - rebati.

- Claro que sim, ora essa...

- Da última vez, você não me pareceu muito de confiança.

- Eu não sou como a Debbie, você sabe disso. Nem sei porque aceitei me juntar com aquele grupinho para te cobrar alguma coisa, como se a gente tivesse algum direito... - suspirou - A Debbie estuda Direito e ela tem um bom poder de persuação, você sabe.

- Sei, mas nunca caí nas manhas dela.

- Desculpa por aquilo, me envergonha pensar nisso. - o barman encheu o meu copo novamente - Deixa ficar a garrafa. - Tati pediu enchendo o seu copo também.

- Tá desculpada. - sorri e levantei o copo brindando - De todas, você era a que eu mais gostava.

- Mentiroso. - disse rindo e acompanhei-a - Você nunca gostou de nenhuma, Luan Santana não nutria sentimentos pelas peguetes, todo o mundo sabia disso.

- Verdade. - concordei - Mas você era a mais legal.

- Mas me fala, o que aconteceu para você estar aqui? Não deveria estar em casa com a esposa?

- As coisas não estão fáceis, mas eu não quero falar disso. - beberiquei.

- Você sabe que pode falar comigo, se precisar de qualquer coisa estou aqui. Qualquer coisa mesmo. - me olhou fixamente e sabia ao que ela se referia - Foi pena a sua vida de pegador ter terminado há uns meses, você iria gostar de conhecer a minha amiga Mary.

- Por que iria? - perguntei curioso.

- Ela é do tipo que você gosta, do tipo que topa tudo. - respondeu e ri fraco.

- Como você? - perguntei.

- Exatamente, a gente iria se divertir muito os três.

- Esses tempos já eram, Tati.

- Se mudar de ideia, me liga... - me deu um cartãozinho - Imagino que você tenha dado fim em todos os contatinhos. - assenti e ela riu. - Agora preciso ir, vai pra casa Luan, conversa com a ruiva, ficar aqui não vai adiantar de nada.





Assenti e ela se foi se despedindo com um beijo no ar. Acabei aquela bebida e, depois de pagar, saí. Tatiana tinha razão, o meu lugar era em casa com Alexa.

Estava um pouco tonto, mas mesmo assim consegui conduzir e chegar em casa são e salvo. Saí do carro e a única luz acesa era da cozinha. Será que Alexa resolveu cozinhar? Entrei no cómodo e vi Elisa tirando uma travessa do forno.





- Ainda bem que você chegou menino, a Alexa pediu para avisá-lo que iria dormir em casa do Noah.

- Ela já foi? - perguntei surpreso.

- Saiu faz uma meia hora.

- Tá certo, você pode ir embora Elisa, eu não estou com muita fome, vou dormir.

- Menino se cuide. - se aproximou de mim - Sei que às vezes pode não ser fácil levar um casamento, mas o amor tem esses testes, uns mais complicados que outros. Mas se realmente for amor verdadeiro, nada pode derrubar vocês, o amor sempre vence.

- Que Deus te oiça. - abracei-a levemente e saí disposto a adormecer e a esquece este dia de merda.





***





O dia seguinte passou lentamente, Alexa ainda não tinha voltado e preferi deixá-la sozinha, não queria brigar de novo, ou fazê-la pensar que a estava perseguindo. Para ocupar a minha cabeça, passei o dia no Dudu, compondo e ajudando em algumas músicas que ele estava produzindo.

Na volta para casa, decidi parar no mesmo bar de ontem. Só queria uma bebida para chegar em casa mais relaxado e encontrar Alexa.

Me sentei na banqueta do balcão e pedi uma caipirinha. De repente me vi num deja vú, o mesmo perfume adocicado de ontem, a mesma presença a meu lado - Tatiana.





- Você mora aqui, é? - perguntei a encarando.

- Digamos que beber é sempre uma boa opção para fugir da realidade, você sabe disso. - ironizou e ri assentindo. - Mas ainda bem que te encontro, aconteceu uma coisa muito estranha hoje.

- Hoje? O quê?

- A Debbie me ligou marcando um encontro, quando lá cheguei ela estava com outra moça, uma tal de Teresa. - me endireitei e prestei o máximo de atenção. A vagabunda ainda usava o nome que usou com Alexa.

- O que elas queriam?

- Essa Teresa disse que era tua ex. - assenti - E ela quer aliadas para se vingar.

- E por que você está me contando isso?

- Primeiro porque eu nunca faria isso com você, segundo porque a Debbie não pensou duas vezes e aceitou. Você sabe que ela sempre se achou mais que as outras.

- Só ela se achava isso, para mim era só mais uma.

- Eu sei, mas ela quer se vingar de você.

- Mas essa Teresa não te mandou ficar de bico fechado? Sei como ela pode ser cobra. - falei terminando a bebida.

- Até parece que eu tenho medo dela. - brincou e ri - Ela pediu para eu esquecer e não falar nada, eu garanti que já não te via faz tempo. Mas por que ela quer vingança?

- Ela é doida, não aceitou o fim... - dei de ombros.

- Se você quiser posso tentar tirar informações à Debbie. - sugeriu e encarei-a.

- Você faria isso por mim?

- Claro, a gente é amigo ou não é?

- Acho que a gente é amigo sim. - sorri sabendo que Tatiana estava sendo verdadeira, ela sempre foi a mais descontraída. Nunca me cobrou por a ter mandado embora naquela manhã, para conversar com Alexa. Ela sempre me respeitou e entendeu, além de que era super engraçada.





Pedi mais duas bebidas, uma para mim e outra para Tatiana. Estava sendo bom conversar com ela depois de tanto tempo.





- Você não sabe com quem passei a noite ontem. - disse entusiasmada - Com o seu cunhado.

- O Noah?

- Ele mesmo, eu nem acreditei de primeira, o que não falta é pessoas usando o teu nome para conseguir algo, mas ele me mostrou algumas fotos e não tinha como duvidar.

- Ele sabia da gente? - perguntei curioso.

- Parece que sim, também não é muito difícil, as garotas do Luan Santana estão marcadas, nem que seja pelas revistas ou sites de fofocas.

- Verdade. - falei lembrando de quantas vezes os sites pesquisavam a vida das minhas peguetes apontando-as como minhas namoradas, até perceberem que não eram namoradas nenhumas e só contatinhos. - Quando foi que vocês se encontraram?

- Ontem ao final da noite, lembra quando eu saí daqui? - assenti - Eu cheguei em casa e depois de tomar um banho, recebi mensagens privadas no instagram, era ele.

- Ele te tratou bem? - perguntei escondendo a minha raiva de Alexa, ela mentiu. Noah estava ocupado, onde será que ela dormiu?

- Aham, ele é muito legal. Combinamos de nos encontrar outras vezes lá na casa dele.

- Eu preciso ir Tati.

- Tudo bem, foi bom voltar a te ver. Qualquer coisa eu te ligo, quer dizer, se você me desbloquear e me deixar te contactar. - riu fraco.

- Vou tratar disso. - pisquei o olho e deixei uma nota gorda em cima do balcão.





Alexa estava brincando comigo, só podia. Onde ela passou a noite? Ou melhor, com quem? Eu não sei o que faria se ela me traísse. Cheguei em casa rapidamente e entrei correndo em casa, mas travei assim que a vi no sofá conversando com. ninguém mais ninguém menos que o Rick, o seu ex-namorado.





- O que ele faz aqui? - perguntei nem um pouco controlado, eu queria mesmo mostrar o meu descontentamento. Será que ela passou a noite com ele? Ah mas eu ia matar os dois.

- Você chegou. - Alexa disse como se fosse algo ruim, como se eu tivesse atrapalhado alguma coisa.

- Eu não o quero na minha casa. - falei mais sério e Alexa se levantou vindo até mim.

- Fala direito, ele é meu amigo e eu o convidei a me visitar. E você... - me encarou - Andou bebendo?

- Parece que sim, e você onde dormiu? - perguntei cínico.

- A Elisa não te falou?

- Ela falou mas você mentiu.

- Eu não menti coisa nenhuma, passei a noite no apê do meu irmão.

- Sério? O seu irmão passou a noite com uma conhecida minha. Você jura que estava lá também? - perguntei vendo o seu rosto ficar tenso, sabia que estava mentindo.

- Eu fui lá, mas ele estava ocupado, acabei ficando na minha tia.

- Não sei se acredito nisso.

- Acredita no que quiser, não me faz diferença nenhuma. - respondeu me virando costas.

- Foi com ele que você passou a noite? Por isso você anda me tratando mal, porque tem um amante? - fiz questão de gritar e o Rick se levantou pronto para proteger Alexa, viado.

- Você não fala assim comigo. - gritou brava - E quem era essa conhecida sua? Você anda se encontrando com as tuas vadias de novo?

- Elas são vadias e não escondem isso, ao contrário de você que pensa que eu sou bobo. Admite que você estava com esse merdinha, admite Alexa? - gritei e recebi como resposta um tapa no rosto.

- Você não tem o direito de me acusar de nada, que seja a última vez que você insinua essas coisas.

- Você é uma desilusão para mim, quem está se arrependendo agora de casar, sou eu. - falei magoado, irritado e bravo. Eu estava quase matando alguém. - Mas sabe que mais, fica aí com o teu amante, você é como as outras, como eu fui achar que você era diferente? - neguei desiludido.

- Ele não é meu amante. - rebateu - E para com esse barraco.

- Vou parar. - me afastei - Quando voltar, não o quero aqui, ou eu juro que o mato. - fuzilei aquele mauricinho e saí de casa.





Alexa pensava que eu era burro. Todo aquele afastamento, aquelas palavras frias, aqueles carinhos vazios, aquela indiferença toda, eram por causa do seu ex. Ela estava me traindo com ele, eu tinha certeza. Ela podia até me bater mais, mas eu via nos seus olhos que ela não me amava mais e que estava mentindo quando negou algo com ele. Mas eu não iria me fazer de coitado, nunca fui antes dela, não seria agora.

Peguei no meu celular e procurei o cartão de Tatiana, discando o seu contato.





- Luan, oi! - disse sorrindo, eu podia perceber.

- Chama a tal da Mary e me encontrem no quarto de sempre, no hotel de sempre.

- Pode deixar, gatinho.





O que pode ser melhor do que uma? Duas, claro. Esta noite eu iria me divertir e esquecer que amo a Alexa. A mulher que mais amei e que mais me magoou, até mais do que a Sandra.






EITA EITA EITA, DEU TRETA!!!!!!! Quero muitos comentários e o fim está à porta. Acho que no próximo já será metade do final, se preparem porque eu não estou preparada hahahah Beijos e boa semana <3 

2 comentários:

  1. Como assim? Gente, o que a Alexa tá fazendo?? Tadinho dele 😱 Não demora por favor?

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  2. Bateu um pouco de ódio talvez MUITO ódio da alexa, que vacaa, apoio Luan da o troco, coontinuaa!

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