segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

1 - Encontro Inesperado



- Fim das gravações. - alguém, que não me importei em saber quem, gritou. Respirei fundo e me levantei para me despedir do Luciano Huck.

Passei a tarde, quase toda, enfiado nos estúdios da Globo divulgando o meu novo projeto, 1977. É um trabalho que homenageia as mulheres, mas não significa que todas mereçam essa homenagem. Não me entendam mal, as mulheres são as melhores coisas do mundo, mas algumas têm o diabo no corpo.
Distribuí um monte de sorrisos falsos enquanto caminhava pelos corredores, eu só queria chegar em casa, descansar e aproveitar a noite com uma das mulheres que fazem parte da minha extensa lista de contatos.
Quando coloquei um pé para fora da porta, fui invadido pela minha música preferida - os gritos dos meus fãs aclamando por mim. Desta vez, abri o meu melhor sorriso e caminhei até ao portão onde tentei atender a maioria deles.
Arleyde me falou dos próximos compromissos e, depois de me despedir da minha equipe, entrei na minha Ferrari. Não tinha muito tempo para dirigir, mas sempre que podia eu não desperdiçava. Quando a liguei, ouvi o som do motor se alastrar, era a liberdade me invadindo.
Entrei nas estradas sub-lotadas de São Paulo e liguei o rádio para me distrair e, também, conhecer músicas novas e me inspirar. Estava parado no trânsito há uns bons dez minutos. Suspirei e quando vi uma brecha, não hesitei e segui para lá. Era segunda-feira e eu doido para chegar em casa e descansar um pouco. Decidi ir por uma rua paralela à estrada principal e poupar tempo. Mas me enganei, pois uma pessoa atravessou bem na frente do meu carro me fazendo travar rapidamente.

- Mas que merda! - bati no volante irritado, como é que alguém atravessa na frente do carro assim?

Não era seguro eu sair, mas fiquei curioso e, confesso, preocupado com a pessoa doida que se tentou matar na minha frente. Não tinha nenhum chapéu para me disfarçar, os óculos no meu rosto teriam de servir. Saí rapidamente do carro e, quando cheguei na frente dele, vi uma moça de joelhos e o rosto abaixado.

- Você está bem? - perguntei e ela encarou os meus sapatos.
- Pareço bem? - rebateu e levantei as sobrancelhas surpreso.
- Me diga isso você, não fui eu que atravessei na frente de um carro. - falei sarcástico e ela, finalmente, me olhou e, ainda bem que o fez. Ruiva, pele clara e olhos verdes expressivos. Uau, era uma bela visão.
- Desculpe, eu não queria fazer isso. - disse choramingando e levantou-se, parecia assustada e olhava para todos os lados.

- Está fugindo de alguém?
- Eu tenho de ir... - me olhou por segundos e apressou o passo, mas fui atrás dela sem entender porquê.
- Moça. - chamei-a segurando no seu braço - Precisa de ajuda?

Ela assentiu e desviou o olhar para o chão novamente.

- O meu irmão... ele... - choramingou e notei marcas roxas no seu pulso. - Ele fez isto em você?! - questionei meio que confirmando.
- Sim. - suspirei. - Ele não pode me apanhar se não ele me mata. - contou e peguei no braço gentilmente a arrastando para o meu carro.
- Entra, ele não vai fazer nada com você. - garanti e ela me avaliou para ter a certeza de que estava falando a verdade.

Assim que ela entrou, ainda um pouco receosa, dei a volta e entrei dando partida. Não imaginava ter um compromisso inesperado assim, mas algo me dizia para ajudá-la.

- Qual é o seu nome? - perguntei-lhe vendo como os seus olhos observavam atentamente o interior do meu carro.
- Alexa. - respondeu baixo.
- Sou o Luan. - apresentei-me mesmo sabendo que a probabilidade dela me conhecer era enorme.
- Santana? - perguntou e assenti - Uau. O que você faz por aqui?
- Fugindo do trânsito. - ri fraco. - Quer falar do seu irmão?
- Ele apenas queria dinheiro para os vícios, eu não tenho um emprego fixo, às vezes limpo a casa de umas senhoras ali da zona mas nada demais... - suspirou - Eu não aguento mais ele me obrigando a dar-lhe o meu dinheiro.
- Mas não tens de dar...
- Se não fizer isso, ele me machuca. - disse com a voz falha - Hoje, ele me pediu mas eu não tenho, gastei o pouco que tinha com as compras da casa e ele me chamou de mentirosa. Eu saí correndo e ele veio atrás, nem sei como consegui despistá-lo.

Não imaginava que era algo tão grave assim. Fiquei comovido com a história da Alexa.


- E os seus pais? - perguntei, ela ainda não tinha falado neles.
- Eles morreram quando eu tinha 15 anos. - limpou o rosto e assenti acelerando o carro.

Eu morava sozinho numa casa enorme. Poderia morar com os meus pais, mas não poderia levar tantas mulheres para lá como gostaria. O jeito foi comprar o meu próprio espaço e aproveitar a minha solteirice ao máximo. Lógico que isso não significa que me afastei da minha família, até porque além de morarmos no mesmo condomínio, os meus pais e a minha irmã sempre me visitam e se fazem presentes.

- Que casa linda. - Alexa comentou assim que estacionei.
- Obrigado, vamos entrar. - ela pareceu relutante - Eu moro sozinho, você não vai precisar de explicar nada a ninguém. - me antecipei e ela acabou por ceder.

Eu não sabia o que fazer com Alexa, mas achei que um banho e uma troca de roupa eram um bom começo. Segui até ao quarto de hóspedes no andar superior e ela veio atrás de mim.

- O banheiro é ali, pode tomar um banho relaxante. Eu vou pegar algumas roupas que a minha irmã deixa aqui, fica à vontade.
- Certo, depois você deixa a roupa aqui? - indagou confirmando.
- Sim, eu trago-a já já. Depois você pode descer, estarei na cozinha preparando algo para a gente comer.

Depois de deixar as roupas no quarto, desci. Elisa, a minha empregada estava de folga e cabia a mim desenrascar-me, ou então iria jantar a casa dos meus pais. Mandei mensagem a Debbie, a minha peguete de hoje, confirmando o nosso encontro daqui a algumas horas.

Alexa POV
Assim que saí do banho, vi as roupas perfeitamente dobradas em cima da cama. Era um vestido amarelo com florzinhas e um ténis branco, tinha ainda lingerie que parecia nova. Ajeitei o meu cabelo e desci. Esperava não estar dando trabalho ao Luan, ele não era obrigado a cuidar de mim ou algo do género. Mas já percebi que tem um bom coração. Não sabia onde ficava a cozinha e, lentamente, procurei no andar debaixo que era enorme. Ouvi alguém cantarolar e segui para lá, Luan esperava algo no microondas ficar pronto.

- Hey.- disse tímida e ele me olhou com um sorriso encantador me olhando de cima a baixo.
- Estou aquecendo mini-pizzas, mas aí tem alguns sanduíches, pode comer.
- Prefiro esperar por você. - me sentei numa banqueta no balcão e ele assentiu antes de se virar para o aparelho novamente.

Comemos sem muita conversa, eu não sabia o que dizer e, Luan, parecia não saber também. O dia já escurecia e eu estava ficando preocupada.

- Eu acho que devo voltar pra casa. - disse terminando o meu suco.
- Claro que não. - ele respondeu rapidamente - O seu irmão ainda deve estar com raiva de você, fica aqui esta noite, amanhã a gente arruma uma solução.
- Você tem certeza? Não quero dar trabalho.
- Eu faço questão que você fique. - encarou-me e sorri assentindo.
- Tudo bem, obrigada Luan.

Ele deu-me um pijama da irmã e disse para eu ficar à vontade. Me troquei e fiquei na cama assistindo TV, ainda era cedo. Ouvi leves vozes no corredor e fiquei alerta, mas não queria estar sendo intrometida. O som de uma porta batendo soou e dei de ombros voltando a prestar atenção na TV. Uns minutos depois ouvi um som estranho. Baixei o volume da televisão e me levantei e, só então, percebi que eram gemidos e alguns gritos. Luan estava com visitas em casa e, pelos vistos, não fazia questão de esconder.

***
Demorei para adormecer, os gemidos só pararam de madrugada e, depois, a cama era diferente da minha, embora fosse muito mais confortável, mas era um lugar novo para mim. Ainda era cedo e decidi descer para a cozinha. Bebia um copo de leite enquanto observava o jardim do lado de fora da enorme janela, até sentir uma presença no cómodo.

- Quem é você? - uma moça alta de cabelos curtos pretos questionou-me com uma arrogância desmedida. - É a empregada né? Por que ainda não está pronta a mesa do café?
- Eu não...
- Ela é visita Debbie, pega leve. - Luan apareceu apenas com uma calça jeans vestida, mostrando o seu tronco nu.
- Hum, não sabia que você tinha visita Lu. - disse com uma voz mais melosa.
- Você dormiu bem, Alexa? - perguntou ignorando a moça.
- Sim, Luan. Obrigada por perguntar. - sorri fraco para ele.
- Debbie melhor você ir embora, tenho um compromisso daqui a pouco. - Luan falou preparando o café da manhã.
- Mas eu pensei que a gente podia aproveitar pra comer juntos e depois eu iria...
- Não vai dar, por favor vai embora.
- Você está me expulsando? - indagou indignada e Luan bufou encarando-a.
- Você está em minha casa porque eu quis e, agora, eu não quero ter você aqui mais. Simples quanto isso. - até em mim doeu, Luan parecia ser gentil mas mostrou ser bem impaciente e direto.
- Tudo bem, depois a gente se fala.

Quando ela saiu, ele colocou um monte de comida na minha frente e sentou ao meu lado.

- Talvez, também seja melhor eu ir embora. Não te quero atrapalhar mais.
- Que é isso? Pode ficar. - rebateu com certeza.
- Mas você tem um compromisso.... - fui interrompida com a sua risada.
- Eu estava mentindo, só queria despachar a Debbie. - respirei aliviada e ri fraco.
- Entendi, é sua namorada?
- Não, peguete. - respondeu sem rodeios - Eu não namoro. Você namora? - me olhou e neguei pegando num pão e na manteiga para barrar. - Você sempre viveu com o seu irmão? - perguntou me fazendo gelar.
- Sim, quando os meus pais morreram, nós ficámos com a minha tia durante um ano, mas depois ele fez 18 e a gente voltou para a casa dos nossos pais, ele era responsável por mim.
- E quando ele mudou?
- Ah, isso foi com o tempo. Ele ficou desempregado e começou a se envolver com pessoas desse meio da droga e tudo mais. Faz quase dois anos. - dei uma mordida no pão indicando que não queria prolongar mais aquela conversa.
- Você estudou?
- Terminei o ensino médio, apenas.
- O que os seus pais faziam? - perguntou curioso.
- Eles eram empregados numa casa de ricos. O meu pai motorista e a minha mãe fazia a limpeza da casa.
- Você sonha em ter alguma profissão? - perguntou-me sério e encarei-o, nunca me questionaram tal coisa, era como se isso não importasse perante a minha condição de vida, eu era órfã, tinha um irmão drogado, não conseguia emprego fácil e, na maioria do tempo, estava sozinha. Não tinha pensado em ser alguém, ou gostar de fazer algo. Era como se estivesse destinada a ser o mesmo que a minha mãe.
- Eu acho que não. - respondi envergonhada pois a reação de Luan foi de surpresa e choque.

Ele suspirou e continuamos a comer.

- Eu tenho um assistente, o Rober. Ele cuida minhas coisas pessoais e profissionais. - Luan começou uma conversa - Ele sempre reclama que tem muita coisa para fazer. - riu fraco - Seria legal ter alguém para ajudá-lo, tenho a certeza que ele não se importará de ensinar e treinar uma nova pessoa. - abri levemente os lábios suspeitando do que viria - Você quer ser minha segunda assistente?


AVISO:

Oláaaaaa meus amores. Estou de volta com uma fanfic do Luan. Espero que gostem, de verdade. Eu tentei fazer o melhor mas acho que desacostumei um pouco a escrever fanfics do Luan e, ainda pra mais, com um português abrasileirado, então me perdoem se houver algo bem português de Portugal ahah
Quero alertar para vocês não se admirarem com o tamanho do capítulo ou o número de capítulos, esta fanfic será uma short fanfic, não pretendo ultrapassar os 30 capítulos e nem pretendo que eles sejam muito enormes. Não se surpreendam se o tempo também passar mais rápido e tals.

Em princípio postarei dia sim, dia não, mas se tiver capítulos em stock postarei com mais frequência, vocês sabem. Qualquer coisa falem aqui nos comentários ou na página do facebook: https://www.facebook.com/groups/586685608125375/?fref=ts
NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAR, UM BEIJO <3

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